Título: Com estímulo, empresas estão prontas para investir
Autor: Landim, Raquel ; Magossi, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/05/2011, Economia, p. B9

Depois de praticamente três anos endividadas, as empresas do setor de açúcar e álcool estão prontas para investir, na avaliação do mercado financeiro. Alexandre Figliolino, diretor do Banco Itaú BBA, conta que dois terços das empresas do setor sucroalcooleiro estão suficientemente robustas para crescer.

"Basta ter o estímulo certo", avalia, referindo-se à sinalização do governo sobre políticas do setor. Segundo ele, investimentos em novas áreas de plantio chegam a US$ 150 por tonelada e, por isso, investidores exigem "grande segurança de retorno".

Para o presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli, o estímulo para novos investimentos seria o planejamento efetivo do plantio para que a oferta de cana possa se adequar à demanda. O executivo também acredita que deveria haver mais incentivos para que produção de etanol e açúcar se integrem com a logística existente.

Dessa forma, as áreas próximas do alcoolduto que está sendo construído pelo consórcio capitaneado pela Petrobrás produziriam etanol enquanto regiões próximas a linhas férreas produziriam mais açúcar.

O presidente da Renuka do Brasil, Humberto Farias, braço brasileiro da indiana Shree Renuka, também admite que o setor necessita de uma política de planejamento de longo prazo. Ele acredita, contudo, que as empresas mais capitalizadas já começaram a reinvestir na reforma dos canaviais. "A menor disponibilidade de cana na safra atual decorre também de muitas áreas que estão sendo renovadas e estarão disponíveis apenas em 2012."

Comercialização. Uma comercialização mais estruturada para o etanol também atrairia novos investimentos no setor, diz o presidente da Datagro Consultoria, Plínio Nastari. Segundo ele, o fato de as distribuidoras comprarem o etanol no mercado à vista tira a previsibilidade do setor.

Nastari espera que a ANP estenda ao etanol a política para a gasolina A, que prevê a compra do produto com meses de antecedência. "Se isso for feito, o setor já terá como planejar a produção, evitando tanta volatilidade de oferta e preço entre safra e entressafra." O executivo afirma que, sem contrato, em caso de baixa de preço, o produtor pode produzir açúcar ou mesmo outro produto mais rentável.