Título: Para BC, governo conter o preço da gasolina ajuda
Autor: Saraiva, Alessandra ; Assis, Francisco Carlos de
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/05/2011, Economia, p. B10
Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, diz que reduções setoriais de inflação são importantes, mas não bastam A estratégia do governo de adotar medidas para manter os preços dos combustíveis em baixa ajuda o Banco Central (BC), disse ontem o presidente da instituição, Alexandre Tombini. "Qualquer contribuição de inflação sendo reduzida em nível setorial ajuda o processo (de controlar a inflação)", afirmou Tombini, Ele participou ontem da abertura do XIII Seminário de Metas para a Inflação, na sede do BC no Rio.
"Essas quedas de preços são importantes, ajudam. Não fazem totalmente o trabalho, mas são informações importantes que vamos levar em consideração e certamente vão repercutir na inflação ao consumidor", acrescentou o presidente do BC.
Segundo Tombini, o ritmo da economia brasileira já apresenta sinais de desaceleração, e a inflação ficará dentro do limite do sistema de metas em 2010 - o teto é 6,5% - e voltará ao centro da meta, de 4,5%, em 2012.
Questionado sobre o ritmo mais brando do crescimento das vendas no comércio varejista (quando medido em prazo mais longo), Tombini disse que "já é um começo, é um resultado de políticas que foram adotadas desde a virada do ano, e que já estão começando a ter o seu impacto de arrefecimento, de moderação da demanda".
Para ele, as medidas tomadas pelo BC e pelo governo vão "ajudar ao longo do ano a trazer a inflação de volta ao centro da meta em 2012". Em relação a 2011, Tombini disse que a inflação "ficará dentro da margem de tolerância".
Ele enfatizou o efeito das medidas macroprudenciais - como aumentos de compulsório, maiores exigências de capital para algumas linhas de empréstimo e alta do IOF sobre o crédito - no controle da expansão do crédito.
Tombini defendeu a "estratégia abrangente de combate à inflação" adotada pelo governo, que inclui alta de 1,25 ponto porcentual da taxa de juros básica (Selic) desde a posse da presidente Dilma Rousseff, as medidas macroprudenciais, e a contenção fiscal, pela qual o governo já teria cortado os seus gastos em 0,8 ponto porcentual do PIB em relação a 2010,
Tombini disse ainda que o governo vem buscando moderar o ingresso de capitais no Brasil, classificado por ele como "intenso" e de " alta velocidade", e que contribui para aumentar o crédito, gerando pressão inflacionária. Ele notou que os efeitos da política monetária têm defasagem de seis a nove meses, e que "a inflação é um problema do mundo inteiro".
Tombini mencionou também à expressão "período suficientemente prolongado" da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), e que se refere ao tempo que o BC manteria a trajetória de alta dos juros básicos.
"O Copom falou em um período "suficientemente prolongado"; para isso, nós temos reuniões de seis em seis semanas, para avaliar esta política e ver quais os próximos passos a serem dados no sentido de assegurar que a inflação no Brasil convirja para o centro da meta (4,5%) em 2012".
FMI. No seminário, o diretor do Fundo Monetário Internacional para o Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre, elogiou o regime de metas de inflação. Ele disse que "todos estão apaixonados pelo Brasil agora, mas amor demais também não é muito bom".
Medidas Desde o final do ano passado, o governo vem tentando desacelerar o consumo para conter a inflação. Primeiro, baixou medidas para reduzir a expansão do crédito. Depois, elevou o juro básico.