Título: Juros sobem no cheque especial e em empréstimo pessoal
Autor: Andrade, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/05/2011, Economia, p. B6

Taxa média do cheque especial, de 9,47% ao mês, já é a mais alta desde maio de 2003, quando chegou a 9,48%

Os esforços do governo para segurar a expansão do crédito e a inflação já se traduzem na cobrança de taxas de juros bem mais salgadas pelos bancos. As taxas médias do empréstimo pessoal e do cheque especial voltaram a subir e estabeleceram novos recordes em maio, de acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Procon de São Paulo.

No cheque especial, a taxa média dos juros cobrados pelos sete maiores bancos do País (Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, HSBC, Santander e Safra) subiu de 9,35% para 9,47% ao mês. É a mais alta desde maio de 2003, quando chegou a 9,48%. Nesse período, o País vivia uma piora das expectativas inflacionárias, fruto de incertezas na condução da política monetária e de uma conjuntura internacional desfavorável.

Já a taxa de juros média para empréstimo pessoal chegou a 5,6% ao mês, a maior desde abril de 2009, quando bateu em 5,74%. Em abril deste ano, a taxa média estava em 5,49% ao mês.

Prudência. Desde dezembro do ano passado, o governo vem tomando medidas para conter o crescimento econômico e a pressão sobre os preços. Por exemplo, em três reuniões este ano o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1,25 ponto porcentual, de 10,75% para 12% ao ano.

Nos bancos, a taxa média do cheque especial acumula no ano alta de 0,34 ponto porcentual, enquanto a do empréstimo pessoal subiu 0,33 ponto.

Até agora, porém, a inflação não deu sinais muito claros de arrefecimento. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, usada como base para as metas do governo, ficou em 0,77% em abril e acumula alta de 6,51% em 12 meses.

O resultado ultrapassa o teto da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central para este ano, de 6,5%. O centro da meta é de 4,5%, com dois pontos de tolerância para mais ou para menos

Os técnicos do Procon recomendam que os consumidores façam uma análise realista de suas necessidades antes de assinaram um contrato de crédito.

"O consumidor deve fazer-se, ao menos, três perguntas: Preciso realmente do empréstimo, agora? Escolhi a modalidade com as melhores condições (taxa de juros, prazo, despesas de contratação)? Tenho condições de honrar o pagamento até o fim?", aconselham os técnicos.

O levantamento foi feito no dia 4 deste mês. No empréstimo pessoal, o contrato estipulado foi de 12 meses, já que todos os bancos pesquisados trabalham com esse prazo.

O Procon ressalta que os dados coletados referem-se a taxas máximas pré-fixadas para clientes não preferenciais, independentemente do canal de contratação. Para o cheque especial, foram considerados 30 dias.