Título: Butantã confirma participação em concorrência
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2011, Vida, p. A14

Instituto paulista tem até o fim do mês para entregar proposta para produzir imunizante contra cinco doenças

O Butantã tem até o dia 31 de maio, às 14 horas, para responder à Fundação Bill e Melinda Gates se seria capaz de suprir a demanda da instituição por vacinas para os países pobres.

O pedido não poderia ser mais concreto: entregar de 20 a 30 milhões de doses anuais de uma vacina pentavalente - contra pertussis, difteria, tétano, hepatite B e haemophilus B - a partir de 2014. Espera-se que cada dose custe US$ 1,50 (cerca de R$ 2,45). O contrato de fornecimento deverá ser para até cinco anos.

Outros laboratórios públicos ao redor do mundo receberam um pedido semelhante. As propostas serão comparadas e julgadas segundo três critérios: capacidade técnica, qualidade da proposta e projetos de longo prazo para novas vacinas.

O superintendente-geral da Fundação Butantã, Hernan Chaimovich, afirma que o Butantã apresentará sua proposta. "Temos a infraestrutura e o conhecimento necessários para suprir a demanda pelo custo pedido", afirma Chaimovich.

O Butantã já produz a vacina DTP (contra difteria, tétano e pertussis) e contra hepatite B. Segundo dados do Ministério da Saúde, o governo federal pretende adquirir, só este ano, 53 milhões de doses da vacina para hepatite B.

Além disso, há um acordo com Bio-Manguinhos (Fiocruz) para produzir uma vacina pentavalente, semelhante à solicitada pela Fundação Gates. O Butantã fornecerá as vacinas para DTP e hepatite B e o laboratório da Fiocruz incluirá o princípio para imunização contra haemophilus B antes de entregar o produto ao ministério.

O instituto paulista também está desenvolvendo sua própria vacina contra haemophilus B. Mas Chaimovich ainda não sabe se utilizará sua própria tecnologia ou se vai se associar a Bio-Manguinhos para atender a demanda do fundação americana.

O interesse de Gates pelos laboratórios públicos representa uma mudança de paradigma, aponta Chaimovich. "Até agora, (a Fundação Gates) tinha os olhos voltados para os laboratórios privados", aponta o pesquisador. "Mas nem sempre é lucrativo vender vacinas por US$ 1,50. Empresas que comercializam vacinas a US$ 100 ficam pouco empolgadas com o negócio."

FICHA TÉCNICA

Ligado ao governo do Estado de SP, Instituto Butantã foi criado em 1901

Funcionários na produção: 900 Faturamento Fundação Butantã: R$ 400 milhões/ano Vacinas produzidas: 5 Doses produzidas em 2010 para o BR: 175 milhões Orçamento: R$ 60 milhões