Título: Caso Strauss-Kahn pode reduzir papel do FMI na crise europeia
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/05/2011, Economia, p. B11

Em reportagem do ''WSJ'', especialistas avaliam que condições muito mais duras possam ser impostas à Grécia

A prisão do diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, pode reduzir o papel da instituição nas negociações para programas de socorro para países da zona do euro, com o potencial para que condições muito mais duras sejam impostas à Grécia, segundo especialistas citados pelo The Wall Street Journal.

Economistas e funcionários europeus disseram que sem um peso-pesado como Strauss-Kahno FMI, quem deverá ter mais influência nas negociações é a Alemanha, que tem defendido medidas de austeridade muito mais duras para os países que necessitam de ajuda financeira.

"Vamos ver a Grécia diante de um quadro muito mais estrito, agora que Strauss-Kahn, ou alguém de sua estatura, não estará lá para evitar algumas das medidas mais duras que os alemães gostariam de impor à Grécia", disse Eswar Prasad, professor da Universidade Cornell e ex-economista do FMI.

Ao ser preso, Strauss-Kahn estava a caminho da Europa, onde se reuniria com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com os ministros das Finanças dos países da União Europeia. O tema seria como evitar um "efeito dominó", com o alastramento dos problemas da dívida grega para outros países da zona do euro.

Na ausência de Strauss-Kahn, especialistas em FMI acreditam que a balança política pendeu na direção da Alemanha e de outros países intransigentes. "Sem Strauss-Kahn, o FMI poderá ser mais duro com a Grécia e outros países. Chega de "Mister Nice Guy do FMI". Isso poderá facilitar as coisas, em vez de complicá-las", disse um alto funcionário europeu que participa das negociações. / DOW JONES NEWSWIRES