Título: Analistas preveem alta do PIB entre 1% e 1,7%
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2011, Economia, p. B1

Especialistas ouvidos pelo AE Projeções indicam forte crescimento da economia no primeiro trimestre, puxado pelo bom desempenho da indústria

O Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar crescimento no primeiro trimestre deste ano, acelerando-se em relação ao quarto trimestre de 2010, que já havia apresentado um bom resultado.

As estimativas das 45 instituições financeiras ouvidas pelo serviço AE Projeções, da Agência Estado, variam de alta de 1% a 1,7%, já levando em conta ajustes sazonais. A mediana das respostas ficou em 1,3%. Mesmo se o resultado ficar no piso das projeções, ele será superior à expansão de 0,7% do quarto trimestre de 2010 ante o terceiro trimestre do mesmo ano.

Comparação anual. Já as 40 estimativas para a comparação do primeiro trimestre de 2011 com igual período do ano passado variam de expansão de 3,78% a 5,10%, com mediana em 4,36%. A maioria dos analistas indica leve desaceleração na expansão, se comparado ao que foi observado no confronto entre o quarto trimestre de 2010 e o quarto trimestre de 2009, que resultou num crescimento expressivo de 5%.

É consenso no mercado financeiro que o cenário de crescimento do primeiro trimestre foi muito mais forte do que o imaginado pelos economistas inicialmente.

De acordo com eles, a recuperação da indústria nos primeiros três meses do ano foi uma das grandes novidades no período. Além desse detalhe importante, destacam-se fatores que vêm alimentando a atividade econômica e o consumo no País desde o ano passado, como o crédito ainda em níveis relativamente altos, o mercado de trabalho aquecido e a recuperação da massa de rendimentos dos trabalhadores.

A constatação de um crescimento expressivo no primeiro trimestre de 2011 só não se torna uma preocupação maior em relação à inflação porque existe uma análise praticamente consensual de que haverá uma desaceleração da economia a partir do segundo trimestre.

Uma das evidências que a atividade econômica pode ser menos intensa foi a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de abril, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira.

O levantamento trouxe o dado importante de recuo da produção industrial de 2,1% ante março, o que representou a baixa mais acentuada para o setor desde dezembro de 2008.

Indústria. O economista-chefe da Votorantim Wealth Management & Services, Fernando Fix, calculou crescimentos de 1,3% do PIB ante o quarto trimestre de 2010 e de 4,5% ante o primeiro trimestre de 2010.

Segundo ele, a indústria teve papel importante na expressiva aceleração do crescimento nos primeiros três meses do ano. A demanda aquecida no País, segundo Fix, continua sendo o grande fator para o desempenho da economia.

"A indústria foi um dos setores responsáveis pela aceleração no primeiro trimestre. Mas, para essa sustentação do crescimento em um patamar forte, o consumo das famílias foi mais importante", disse o economista da Votorantim.