Título: Sarney recua e impeachment volta a painel
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2011, Nacional, p. A6

Após reações com omissão histórica, Casa inclui no "túnel do tempo" saída de Collor em 1992

Um dia depois de afirmar que o impeachment do então presi­dente da República e hoje sena­dor Fernando Collor (PTB.­AL) foi um ¿acidente" - e, por isso, não precisaria fazer par­te da galeria de fatos históri­cos envolvendo o Senado - o presidente da Casa, José Sar­ney (PM:DB-AP), voltou atrás e mandou refazer os painéis afixados no "túnel do tempo".

No espaço, que liga o plenário aos gabinetes de senadores, pas­sam mais de 5 mil pessoas nos dias de maior movimento. Por ordem de Sarney, ficou acertado que o impeachment, seus motivos e consequências passarão a constar de um novo painel entre os 16 afixados no lo­cal. O Senado votou o afastamen­to de Collor em 29 de dezembro de 1992 por suspeita de corrup­ção, minutos depois de o ex -pre­sidente ter renunciado ao cargo.

No blog do Senado, Samey afir­ma que não é curador nem autor da exposição."Mas, para evitar interpretações equivocadas, de­terminei ao setor competente da Casa que faça constar na referi­da exposição o impeachment do presidente Collor, uma vez que não temos nada a esconder nes­ta Casa", afirmou.

Na segunda-feira. quando da reinauguração decoração do chamado túnel do tempo, Sar­ney justificou a omissão do im­peachment dizendo que era um fato "que não devia ter ocorrido" e que "não se tratava de fato marcante". Ele foi convencido por assessores de que não pode mudar a trajetória da história po­lítica brasileira.

Homenageado. No entanto, continua visível nos painéis o interesse de seus realizadores de homenagear o presidente do Se­nado. A galeria exibe ali uma foto de Sarney jurando a Constitui­ção. Ele, o ex-senador Paulo Brossard e o deputado Mauro Be­nevides (PMDB-CE) são os úni­cos vivos cujas fotografias apare­cem no local.

Sarney é igualmente lembra­do pela inclusão de uma propos­ta de sua iniciativa - a que garan­te atendimento gratuito aos aidé­ticos - entre os grandes feitos do Senado. Ficaram de fora a inicia­tiva do então senador Nelson Carneiro de instituir o divórcio no País e as CPls importantes realizadas na Casa.

Em um dos painéis, há cita­ções que induzem o visitante a erro, como a que atribuiu a exten­são da licença maternidade para 180 dias como sendo obrigatória a todas as gestantes, e não ape­nas para aquelas que são funcionárias do serviço público - na ini­ciativa privada, a extensão do be­nefício é facultativa.

A. proposta da Lei da Ficha Limpa é ainda atribuída como sendo originária da Casa, apesar de tratar-se de uma proposta de iniciativa popular. .

Vaivém político

José Sarney Presidente do Senado

"Acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil"

"Determinei que faça constar na exposição o impeachment do presidente Collor. Não temos nada a esconder nesta Casa" (Ontem após a repercussão negativa do episódio)

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