Título: Podemos esperar um contra-ataque do Bradesco
Autor: Mendes, Karla
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/06/2011, Economia, p. B3

O mercado financeiro precisou de apenas alguns minutos para sintetizar o resultado do leilão do Banco Postal. O Banco do Brasil (BB) pagou caro para ter direito a explorar a operação e o Bradesco perdeu um negócio importante.

Está-se falando de 6.200 pontos de venda em todo o País, que colocaram para dentro do segundo maior banco privado brasileiro cinco milhões de clientes nos dez anos em que deteve a concessão - clientes que continuam por lá, pois dez milhões chegaram a abrir uma conta nesse período.

Se o Bradesco tem hoje quase 25 milhões de contas-correntes, pode-se dizer que um quarto delas veio do Banco Postal. Nesse sentido, ponto para o BB. Mas a que custo? Os R$ 3,3 bilhões pareceram exagerados, mesmo considerando as vantagens potenciais.

A conta dos investidores é relativamente simples. Em 2010, o Bradesco lucrou R$ 820 milhões com o Banco Postal. Se mantiver esse ritmo - o que é praticamente impossível nos primeiros anos da operação -, o BB levaria quatro anos para recuperar o que investiu.

A concessão ganha ontem é de cinco anos. Ou seja, para o acionista, não parece ser um negócio para celebrar. Tanto que as ações do banco estatal caíram 0,71% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), enquanto os papéis do Bradesco se valorizaram 0,45%. Nesse quesito, ponto para o banco privado.

Evidentemente, só nos próximos anos vai ficar claro quem ganhou e quem perdeu nessa história. O que já dá para prever, de antemão, é um contra-ataque do Bradesco. A instituição conhece como nenhuma outra os pontos de venda do Banco Postal. Sabe onde vale a pena instalar seus tentáculos. E certamente não vai poupar esforços para fazê-lo.