Título: Caos empurra a economia iemenita para o abismo
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2011, Internacional, p. A14

Com o aprofundamento da crise política no Iêmen, o país se encontra à beira de um colapso econômico tão terrível que seriam precisos anos para ele se recuperar e restaurar qualquer senso de coesão como nação.

O país árabe mais pobre teve seus suprimentos domésticos de petróleo e suas redes de eletricidade em grande parte cortadas por tribos hostis. As filas para conseguir gasolina estendem-se por quilômetros na capital, Sanaa; a eletricidade está disponível algumas horas por dia.

Gás de cozinha e diesel para geradores também se tornaram escassos, e com os preços dos alimentos subindo aceleradamente, as pessoas começaram a armazenar suprimentos básicos, incluindo a água.

O problema mais fundamental entre vários é a necessidade mais terrível de todas: água. Os poços que bombeiam água dos aquíferos subterrâneos estão silenciando, pois o diesel utilizado ficou caro e escasso. Sanaa pode se tornar a primeira capital do mundo a ficar sem água, segundo especialistas do Banco Mundial.

O ministro de Indústria e Comércio do Iêmen, Hisham Sharaf, estima que a crise custou US$ 5 bilhões à economia, ou cerca de 17% do Produto Interno Bruto de 2009. No mercado negro, o preço do dólar subiu de 217 riais, algumas semanas atrás, para 250.

Economistas dizem que se o rial atingir 300 por dólar, outros 15% dos 23 milhões de habitantes cairão abaixo da linha de pobreza, vivendo com menos de US$ 2 por dia.

Atualmente, segundo estimativas, entre 40% e 50% do povo iemenita vive abaixo dessa linha, embora seja difícil obter estatísticas confiáveis no Iêmen e alguns economistas atribuam um valor ainda maior à cifra.

SÃO JORNALISTAS DO "NEW YORK TIMES"