Título: Oi quer plano de banda larga só em cidades pobres
Autor: Mendes, Karla
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2011, Negócios, p. B19

Ministro Paulo Bernardo discorda da proposta da operadora, e diz que ""se eles não oferecerem nas capitais, alguém vai oferecer""

BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo

A Oi apresentou ao governo sua proposta para oferecer banda larga de 1 megabit por segundo (Mbps) a R$ 35 (valor com impostos), sem que o consumidor seja obrigado a adquirir uma linha de telefone fixo, que custa cerca de R$ 40 por mês. A operadora porém, fez uma ressalva: não quer que essa obrigação valha para as 600 cidades com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), áreas onde ela tem a maior receita.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ao Estado que essa foi a proposta apresentada pela empresa e a justificativa apresentada pela companhia para a restrição é o fato de que, nas capitais brasileiras e nos municípios com maior renda do País, a concessionária tem forte concorrência de outras empresas e que essa obrigação poderia reduzir a receita.

"Estão falando de IDH, mas na verdade é onde têm concorrência mais dura. Eles falam o seguinte: se pegam as capitais, onde tem mais atores nesse mercado, então eles têm problema de canibalizar o telefone deles", afirmou Bernardo. O ministro, porém, discorda da Oi.

"Para falar a verdade, é uma estratégia errada, porque ele não vai oferecer, mas alguém vai oferecer. Nós estamos falando isso com eles", disse. "Estamos conversando com as operadoras móveis, as fixas que não são concessionárias, como a GVT, e estamos negociando. Vai sair pacote de tudo quanto é jeito. Se vocês não vão fazer, alguém vai fazer. E eles (a Oi) estão tentando ver se resolvem", reforçou. Procurada, a Oi não quis se pronunciar.

Mais barata. O governo está analisando a proposta da empresa e ainda não há decisão tomada sobre o assunto, segundo o ministro. "Qual o nosso critério? Nós queremos baratear substancialmente a banda larga, pois o consumidor paga caro e por uma velocidade baixa. Isso vai deflagrar uma venda enorme de equipamentos, como tablets, notebooks e smartphones, e vai estimular profundamente a economia, pois vamos aumentar a qualidade do serviço e baixar o preço", destacou.

As negociações com outra empresa, a Telefônica, também não foram concluídas. Bernardo disse ter falado com Antonio Carlos Valente, presidente da companhia, na terça-feira, e que cobraria pessoalmente uma posição do executivo no 55.º Painel 2011 Telebrasil, que está ocorrendo em Brasília. CTBC e Sercomtel, segundo Bernardo, não apresentaram resistência em cumprir a meta, determinada pela presidente Dilma Rousseff.

A expectativa do ministro é que as negociações estejam concluídas até o dia 15. Isso porque o dia 30 é a data limite para publicação do decreto com a terceira revisão do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU 3) e os contratos de concessão. O PGMU 3 era para ter entrado em vigor em 1.º de janeiro, mas foi adiado por conta do impasse com as empresas para se ter uma oferta considerada satisfatória para o Plano Nacional de Banda Larga.