Título: Brasil fica na lanterna entre os Brics
Autor: Dantas, Fernando ; Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2011, Economia, p. B1

Crescimento foi menor que o da Índia, da China e da África do Sul e quase igual ao da Rússia

O Brasil ficou nos últimos lugares em termos de crescimento no primeiro trimestre de 2011, na comparação com os Brics - o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Com crescimento de 4,2% no primeiro trimestre, comparado com o mesmo período de 2010, o Brasil cresceu menos que a China, com 9,7%, a Índia (7,8%) e a África do Sul (4,8%). O crescimento brasileiro só foi maior do que o da Rússia, que teve expansão de 4,1%.

Na verdade, com uma diferença de apenas 0,1 ponto porcentual, que é quase insignificante em termos de contas nacionais, é possível dizer que Brasil e Rússia compartilharam o crescimento mais lento no primeiro trimestre, entre os Brics.

A trajetória dos Brics nos últimos anos também difere bastante. China e Índia, que já vinham com um ritmo de crescimento muito alto - em torno de 10% - em 2007, antes da crise, tiveram uma desaceleração suave durante a turbulência, voltaram ao nível de 2007 em 2009 e início de 2010, e desaceleraram de novo, mas de forma branda.

A África do Sul, como o Brasil, sofreu um impacto mais forte durante a crise, saindo de um ritmo acima de 5% em 2007 para uma queda de 1,7% em 2009. A partir daí, o país vem se recuperando gradativamente, sem novas desacelerações. Já o Brasil, que também teve leve queda em 2009, recuperou-se de forma mais intensa, crescendo 7,5% em 2010, e voltou a desacelerar.

A Rússia teve uma queda muito mais violenta durante a crise global, e o PIB chegou a recuar quase 8% em 2009. Depois disso, a economia russa entrou em ritmo de gradual recuperação, com leves oscilações.

A comparação com os Brics é feita com o crescimento do PIB ante igual trimestre do ano anterior, por ser o único resultado publicado por China e Índia.

Países ricos. O IBGE também divulgou uma comparação mais ampla, mas excluindo os Brics, com países ricos (quase todos) e alguns emergentes que já divulgaram o resultado do primeiro trimestre. Nesse caso, foi usado o crescimento do PIB ante o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais.

Nessa segunda comparação, o Brasil, com 1,3%, teve o terceiro maior crescimento (junto com o Chile), só perdendo para Alemanha, com 1,5%, e Coreia do Sul, com 1,4%.