Título: Desemprego nos Estados Unidos sobe para 9,1%
Autor: Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/06/2011, Economia, p. B19

Dados do mercado de trabalho no mês de maio mostram que o emprego ficou mais difícil para jovens e negros, principais eleitores de Obama

Apesar de a recessão dos Estados Unidos ter acabado há quase dois anos, a administração de Barack Obama não consegue reduzir a taxa de desemprego, que subiu para 9,1% em maio, oscilando 0,1 ponto porcentual para cima em relação ao mês anterior. O fraco resultado anunciado ontem provocou uma queda de 0,79% do índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova York.

Apenas 54 mil postos de trabalho foram criados em maio, segundo dados do Departamento do Trabalho dos EUA. Houve um declínio acentuado em relação a abril, quando 232 mil vagas foram abertas.

Os jovens (24,2%) e os negros (16,2%) são os mais afetados pelo desemprego, considerado o principal problema americano, de acordo com pesquisa do instituto Gallup. Esses dois segmentos foram os principais responsáveis pela vitória de Obama nas eleições de 2008, pouco depois da eclosão da crise financeira. Ao todo, há cerca de 15 milhões de desempregados nos Estados Unidos e o número deverá crescer em junho, quando centenas de milhares de jovens graduados em maio nas universidades americanas entrarem no mercado de trabalho.

A principal causa do atual índice de desemprego, segundo o governo, é a redução nos postos de trabalho governamentais. Em maio, a diminuição nesse setor foi de 28 mil, somando 448 mil desde setembro de 2008. A secretária do Trabalho, Hilda Solis, disse que "Estados e municípios deveriam tomar mais cuidado na hora de cortar empregos".

O presidente Barack Obama destacou em entrevista os bons resultados da indústria automobilística. Ao comentar a taxa de desemprego, acrescentou: "Não se pode fingir que tudo esteja resolvido. Ainda sentimos a recessão. Não há ninguém aqui que não conheça alguém sem emprego. Apesar de a economia estar crescendo e termos criado 2 milhões de postos de trabalho nos últimos 15 meses, ainda enfrentaremos tempos difíceis".

Entre os analistas, há pessimismo. "Apesar de a recessão ter terminado dois anos atrás, a recuperação é extremamente lenta", disse Sebastian Mallaby, em análise do Council on Foreign Relations. Mike Shedlok, investidor do Sitka Pacific Capital Management, diz que "toda a economia está desacelerando".