Título: Prévia do IGP-M mostra primeiro sinal de deflação
Autor: Scrivano, Roberta
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2011, Economia, p. B8

A inflação no curto prazo já mostra sinais de arrefecimento. A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho, usado no cálculo do preço do aluguel, apontou deflação de 0,09%. Em igual prévia de maio o resultado havia sido alta de 0,70%. A taxa negativa de junho representou também a mais forte queda em 18 meses.

Mas o cenário inflacionário ainda é preocupante, avalia o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Embora os indicadores mensais estejam recuando, ressalta, o mesmo não se pode dizer das expectativas inflacionárias para o consumidor.

Quadros lembra que a decisão do Conselho de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros (Selic) de 12% para 12,25%, na quarta-feira reflete a preocupação do governo com o cenário inflacionário de longo prazo. E cita a inflação dos serviços livres, que persiste no varejo. Ao mesmo tempo, o ano de 2012 contará com outro reajuste expressivo no salário mínimo, que ajudará a intensificar a demanda no mercado doméstico.

"Os salários, o rendimento do pessoal ocupado no mercado de trabalho, são um item de custo muito importante. Isso continua na cabeça de quem olha o futuro da inflação, mais do que resultados de queda de indicadores inflacionários agora, no presente. Creio que foi pensando neste contexto que eles resolveram subir os juros", avaliou.

A mesma posição tem o professor de economia da USP e presidente do Conselho Regional de Economia, Heron do Carmo. Para ele, o BC deve elevar juros enquanto a inflação em 12 meses estiver alta. Mas até a primeira prévia de junho, o IGP-M acumula elevação de 8,75% em 12 meses, menor do que os 10,06% registrados no acumulado em 12 meses até a primeira prévia de maio. Isso porque o desempenho em 12 meses do indicador foi beneficiado por queda de preços tanto no atacado quanto no varejo na primeira prévia de junho./ COLABOROU FRANCISCO CARLOS DE ASSIS