Título: Comércio pede controle na concessão de crédito
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2011, Economia, p. B9

Calote cresce 8,21% em maio, a 4ª alta seguida; dirigente lojista quer rigor nos empréstimos e justifica: "Pior que não vender, é vender e não receber"

O calote nas compras a prazo no varejo disparou em maio o que levou a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) a recomendar uma restrição na concessão de crédito aos consumidores.

De acordo com a entidade, a inadimplência subiu 8,21% no mês passado em relação ao verificado em maio de 2010. "A situação é preocupante porque já são quatro meses de aumento na inadimplência. A única coisa pior que não vender, é vender e não receber", afirmou o presidente da confederação, Roque Pellizzaro.

Mesmo com ligeira queda de 0,27% no mês em relação a abril, o número de registros junto ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) acumula expansão de 3,61% em 2011 na comparação com os cinco primeiros meses de 2010.

"A inadimplência continua com viés de alta, e a luz amarela que já estava acesa, passou a ser laranja. Vamos retomar comunicado para empresas associadas serem mais criteriosas na concessão de credito", disse Pellizzaro.

Para o executivo, a ação dos lojistas deve complementar as medidas tomadas pelo governo para evitar a formação de uma bolha no crédito.

Desde o fim do ano passado, o Banco Central e o Ministério da Fazenda têm para encarecer e reduzir a velocidade da expansão das tomadas de empréstimos, com as chamadas medidas macroprudenciais, além do ciclo de aumento dos juros voltado para o combate à inflação.

Educação financeira. "Precisamos que o comércio faça sua parte e auxilie o consumidor. Não é negar crédito, mas limitar endividamento à capacidade de pagamento", disse Pellizzaro. Segundo ele, a entrada de milhões de consumidores no mercado a prazo nos últimos anos também exige maior esforço na educação financeira desses novos clientes.

"A demanda continuará aquecida porque temos mais trabalhadores no mercado e com melhores salários. A grande questão é dosar a velocidade com que essa população toma crédito", completou.

Impulsionado pelo Dia das Mães, segunda melhor data para comércio no ano, o volume de compras a prazo cresceu 17,66% em maio na comparação com abril. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a expansão foi de 7,76%.

Segundo a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, o crescimento nas vendas em maio também se deve ao lançamento das coleções de outono/inverno no varejo. No acumulado do ano, as compras a prazo registram expansão de 4,12% ante os primeiros cinco meses de 2010.