Título: Até minerais raros são encontrados em terras baianas
Autor: Décimo, Tiago
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/06/2011, Economia, p. B4

Há minas de vanádio e de tálio, utilizado na alta tecnologia. Extração preocupa porque mineral é muito tóxico

A Largo Mineração, subsidiária brasileira da canadense Largo Resources, prepara-se para começar a extrair vanádio de uma mina em Maracás, cidade da região central da Bahia, a 376 quilômetros de Salvador. O início das operações está previsto para o fim do ano que vem, após investimentos de US$ 200 milhões.

O vanádio da mina de Maracás, além de passar a ser o único explorado no País, é considerado o de maior teor no mundo, com 1,44% de concentração - minas da África do Sul, que têm a maior concentração de vanádio hoje, registram índice de 0,44%. O metal é usado para aumentar a resistência e diminuir o peso do aço. Espera-se que, por ano, a produção da mina baiana seja de 5 mil toneladas anuais.

Há quase três décadas sabe-se da existência do minério em Maracás. A Odebrecht chegou a iniciar o projeto em 1986, mas a falta de um marco regulatório e o temor de contaminação ambiental levaram a uma ação pública contra o empreendimento. Mais de 15 anos depois, a empresa venceu a ação, mas a baixa cotação do mineral naquele momento não justificava o investimento. O projeto foi abandonado e retomado apenas no ano passado, já pela Largo Mineração.

Tálio. A paulista Itaoeste Serviços e Participações, do ex-rei da soja Olacyr de Moraes, anunciou em fevereiro a descoberta de uma jazida de tálio em Barreiras, no oeste baiano. O mineral raro, explorado em apenas dois países, China e Cazaquistão, tem sua aplicação focada em instrumentos de alta tecnologia, como medicina nuclear, supercondutores de alta temperatura e em materiais termoelétricos.

O preço médio do grama do mineral foi de US$ 6 em 2010. Segundo a Itaoeste, análises preliminares apontam que a jazida teria 60 toneladas de tálio - montante suficiente para abastecer o mercado global por seis anos.

Se a descoberta animou investidores , causou apreensão entre os agricultores. Insípido, inodoro e altamente tóxico - a ingestão de um grama é capaz de levar o ser humano à morte -, o metal poderia contaminar o solo de toda a região sem ser notado.

"Se a extração de vanádio é uma operação complexa, a do tálio é mais ainda", admite o secretário de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia. "Existe a necessidade de se estudar a melhor forma para a mineração, que é nova para o País."/