Título: Brasil vai apoiar Lagarde para comandar o FMI
Autor: Monteiro, Tânia ; Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2011, Economia, p. B18

Prazo para lançamento de candidaturas se encerrou ontem; ministra francesa deve disputar cargo com presidentes do BC do México e do Casaquistão

O governo brasileiro decidiu apoiar oficialmente a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, para ocupar o cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo interlocutores da presidente Dilma Rousseff, Lagarde foi a candidata ao cargo que mais agradou ao Brasil, porque ela mostrou que os processos de reforma vão continuar e prometeu abrir espaço para os emergentes. O apoio do Brasil à candidatura da ministra francesa deve ser manifestado publicamente nos próximos dias.

Lagarde deve disputar o cargo com o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, e com Grigori Marchenko, ocupante de posto similar no Cazaquistão. O prazo para lançamento de candidaturas para o cargo mais alto do FMI encerrou ontem. O processo de escolha deve estar concluído até o dia 30 de junho.

Desde o início do processo, interlocutores do governo já tinham revelado, nos bastidores, que Lagarde era a preferida do Brasil. No entanto, o fato de o concorrente ser um candidato de um país emergente acabou criando dificuldades para que o apoio à ministra francesa fosse admitido publicamente.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem articulado um acordo com os demais países que formam o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para que anunciem o apoio ao mesmo candidato.

Lagarde e Carstens estiveram em Brasília há cerca de duas semanas e se reuniram com autoridades brasileiras. Desde o início do processo de disputa, Mantega disse que o Brasil não apresentaria seu candidato até encerrar o prazo de apresentação de todos os candidatos.

O Brasil quer que o novo diretor-gerente do FMI se comprometa a continuar as reformas iniciadas por Dominique Strauss-Kahn, que renunciou ao cargo depois de ser acusado de agressão sexual contra uma camareira de um hotel em Nova York. Mantega também cobrou dos candidatos o compromisso de garantir maior participação de representantes de países emergentes nas diretorias do Fundo.

Investigação. A escolha do sucessor de Strauss-Kahn complicou-se com o adiamento da decisão da Justiça francesa sobre a abertura de uma investigação de Lagarde, suspeita de favorecer o empresário francês Bernard Tapie na arbitragem sobre a venda da Adidas ao banco Credit Lyonnais, em 1993. Tapie teria recebido 285 milhões ao final desse processo.

Lagarde mostrava-se confiante em obter uma decisão judicial favorável antes da apresentação de sua candidatura ao FMI. Entretanto, ao optar pelo adiamento da decisão para o próximo dia 8 de julho, a Corte francesa provocou preocupação em vários países-membros do Fundo. / COLABOROU DENISE CHRISPIM MARIN