Título: Vale vai às compras na área de cobre
Autor: Ciarelli, Mônica ; Tereza, Irany
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2011, Negócios, p. B22

Segundo diretor da empresa, não será possível chegar à meta de produzir um milhão de toneladas por ano do produto sem aquisições de minas, especialmente no exterior; a primeira dessas aquisições, da sul-africana Metorex, está prestes a ser fechada

Com planos de chegar à produção anual de um milhão de toneladas de cobre até 2015, a Vale mira aquisições no setor. Atualmente, a companhia aguarda o resultado da oferta de US$ 1,125 bilhão pela Metorex, companhia sul-africana que atua nos segmentos de cobre e cobalto.

DivulgaçãoAvanço. Mina de cobre do Sossego, da Vale, no Pará: empresa pretende crescer nesse segmento e se tornar uma das maiores do mundo até 2015 "Em cobre, nós temos uma meta de atingir um milhão de toneladas de cobre e as nossas reservas não são suficientes para chegar nesse nível. Então, estamos procurando aquisições e essa é uma delas", afirmou à Agência Estado o diretor executivo de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins.

Hoje, a exploração de cobre é a quinta maior receita operacional da área mineral da Vale, mas representa apenas 4,15% do faturamento da empresa no setor. Minério de ferro, o carro-chefe, corresponde a 53,79%. Na busca pela diversificação, a mineradora pretende elevar a produção principalmente de cobre, carvão e fertilizantes.

Segundo Martins, um dos passos para a Vale fechar a oferta da mineradora sul-africana já foi dado recentemente, quando a Metorex vendeu sua unidade de processamento de zinco na Zâmbia para a Glencore. "A venda dessa participação era uma das condições precedentes (da oferta)", explicou. Martins afirmou que a Vale está sempre atenta a possíveis aquisições no segmento de cobre, fertilizantes e carvão metalúrgico.

Ele destacou que as ofertas disponíveis no mundo hoje estão muito caras. Acabado o período de "liquidação", que sucedeu o auge da crise global, o valor das empresas foi recomposto, especialmente as do setor mineral, inflado pela disparada da cotação das commodities.

"O mercado praticamente já devolveu grande parte das perdas com a crise. Ativos existem; a questão é preço", disse, lembrando que as melhores minas de cobre estão na África.

Atualmente, a Vale tem projetos em cobre no Brasil, Chile, Canadá, Angola, Zâmbia e Casaquistão. O foco da mineradora neste metal se deve especialmente ao fato de o aumento da oferta de cobre estar restrita a um crescimento mundial de apenas 1,7% ao ano. A relação das reservas sobre a sua demanda é a menor entre as principais commodities metálicas.

No ano passado, a Metorex produziu 51.569 toneladas de cobre e 3.622 toneladas de cobalto, e suas minas têm reservas estimadas em cerca de 25 milhões de toneladas de cobre. A companhia, que também possui três projetos adicionais no Congo, fechou 2010 com uma receita de US$ 432 milhões e uma dívida líquida de US$ 63 milhões.

Terras raras. Martins reiterou que a Vale analisa a entrada no segmento de terras raras, minério usado como componente na fabricação de produtos que vão desde turbinas eólicas a telas para computadores. "Estamos bastante otimistas em relação a isso, (...) trabalhando muito forte nessa área, em pesquisa e desenvolvimento", disse.

Segundo ele, a companhia já identificou a presença de reservas de terras raras em minas principalmente da Fosfértil. Mas, como são volumes pequenos, é preciso avaliar a viabilidade econômica dessa exploração, que é associada a outros produtos.