Título: Uma agenda imprescindível para o Brasil
Autor: Rehder , Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2011, Economia, p. B1

O caminho para o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil passa necessariamente pela inovação. Esse é um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo País. A inovação é a agenda central do nosso futuro. Por ser um dos determinantes da competitividade, a inovação será decisiva para ajudar a conformar a estrutura produtiva brasileira nas próximas décadas: que indústria e que perfil de inserção internacional teremos. Por ser um determinante central da produtividade, a inovação também será decisiva para ampliar o potencial de crescimento e tornar sustentáveis as trajetórias de aumento da renda e redução da desigualdade.

Uma ousada agenda de apoio à inovação não é tarefa fácil. Esse é um terreno que exige um vasto leque de políticas e muita coordenação entre os atores públicos e o setor privado. Inovar não é atributo somente da transformação industrial, abrangendo cada vez mais a distribuição e os serviços de apoio. Em muitos casos, essas são as atividades capazes de viabilizar a inovação do processo produtivo como um todo. Inovar tampouco se resume ao campo da tecnologia, sendo um conceito mais amplo. As ideias, os programas, as concepções, os objetivos das políticas e as formas de incentivo no Brasil deveriam transitar para essa abrangência mais ampla do significado da inovação empresarial.

O motor da inovação é a necessidade de conquistar novos mercados. E inovam mais aquelas empresas que buscam o mercado internacional. Não é por acaso que em muitos países as políticas de apoio à exportação são um reduto especial para a promoção da inovação. O Brasil deveria seguir essa trilha.

É também preciso rever nossas políticas de comércio exterior e fortalecer os instrumentos de articulação da política comercial com a política industrial e de inovação. Um bom começo seria dar uma atenção especial a alguns pontos mais gerais, como por exemplo: (1) formular políticas que foquem empresas e setores em que o Brasil tenha vocação ou grandes debilidades, e não apenas projetos; (2) ampliar o apoio à inovação para os serviços e as atividades não intensivas em tecnologia, como forma de elevar a produtividade; (3) alinhar as políticas de inovação e de comércio exterior e internacionalização de empresas, com grande apoio à exportação de produtos de maior intensidade tecnológica; (4) apoiar de forma diferenciada as atividades de P&D empresariais e as de maior risco, com foco sempre nos mercados; e, por fim, mas não menos importante, (5) atuar no fortalecimento da educação profissional voltada à formação em ciências e tecnologia da informação.

É ECONOMISTA-CHEFE DO INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI