Título: Não tem jeito, é caro mesmo; é obra de Primeiro Mundo
Autor: Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/06/2011, Economia, p. B12

Sidonio Porto, arquiteto

Autor do projeto da sede da Petrobrás em Vitória, Sidonio Porto afirma não se surpreender com o preço da obra. "Não tem jeito, é obra de Primeiro Mundo", diz ele, arquiteto formado pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1964 e radicado em São Paulo há 43 anos.

Por que uma obra orçada inicialmente em R$ 90 milhões passou para R$ 580 milhões?

Deve ter sido um cálculo estimativo baseado em coisas fora da realidade. Um valor estimado pela Petrobrás, internamente. É uma obra grande, que tem um certo grau de sofisticação. Não uma sofisticação desnecessária, mas uma sofisticação em busca da ecoeficiência, da sustentabilidade, da consciência ecológica. Obras assim ficam um pouco mais caras mesmo.

Mas não é um preço alto demais?

A obra está em um terreno complexo, um morro. Toda a infraestrutura tem de ser adequada, tem de ter tudo muito estável, para que não se tenha problemas com chuvas intensas. É uma construção complexa por natureza. O preço é coerente com o tamanho da obra, que é grande e extensa, e com as dificuldades naturais de adaptação ao terreno. Não tem jeito, é obra de Primeiro Mundo; o retorno vem mais adiante.

Por que houve a importação de vidros da Bélgica? A indústria nacional não tem condições de entregar um produto similar ao belga?

Naquele momento, talvez não. Acho que hoje já tem. A gente especifica no projeto que o vidro tem de ter características de proteção solar e iluminação que originem um máximo de retenção de calor, resultando em economia de energia. Daí a importância que a questão do vidro tomou. Com o vidro comum, que pega sol todo o dia, o custo de energia é muito grande. Houve a preocupação nossa de ter um vidro que atendesse às características propostas pelo projeto.

O sr. costuma visitar a obra?

Não acompanhamos de perto. Nem sempre as construtoras e os clientes nos chamam. Não falo isso como uma queixa, é uma coisa que acontece. A gente gostaria de estar toda semana na obra. Fui lá uma vez só, e por minha conta. Acho que na semana que vem estarei indo lá, por minha conta de novo.