Título: Safra recorde não derruba preço de alimentos
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2011, Economia, p. B8

O Estado de S.Paulo

GENEBRA

Nem a previsão de uma safra recorde de grãos em 2011 fará com que os preços de alimentos sejam reduzidos nos próximos dois anos.

O alerta é da FAO, que indica em seu relatório bianual que os valores de alimentos continuarão altos, colocando em risco milhões de pessoas pelo mundo e pressionando a inflação em países emergentes como o Brasil, China e Índia. Segundo a FAO, a carne passou a ser o principal termômetro dessa nova fase do mercado e nunca esteve tão cara como hoje.

Os últimos dados mostram que os preços agrícolas em maio voltaram a atingir marcas próximas do recorde registrado em fevereiro. Houve uma queda em comparação a abril, de 234,8 pontos para 232,4 pontos. Mas a variação é considerada insignificante e próxima ainda do recorde de 237,7 pontos em fevereiro. O índice mede o valor de 55 commodities.

"A situação de preços altos não acabar em apenas uma colheita", afirmou Abdolreza Abbassian, economista da FAO.

Um dos fatores que vem puxando o preço para cima é o valor recorde registrado nas carnes, principalmente bovina. O surto de doenças, queda de estoques e aumento do consumo seriam as principais explicações. Em 2011, 294 milhões de toneladas de carnes serão produzidas, apenas 1% acima do valor de 2010, o que será insuficiente para atender à demanda.

Para a FAO, a alta continuará por conta da diferença entre demanda e fornecimento de alimentos. Segundo a FAO, a produção de cereais baterá um recorde de 2,3 bilhões de toneladas em 2011, 3,5% acima de 2010 e superando a produção de 2008, até hoje a mais alta da história. Mas não será suficiente para compensar a queda dos estoques mundiais e as turbulências em diversos mercados. Os estoques mundiais estão estimados em 494 milhões de toneladas, apenas 2% acima de 2010.