Título: Reviravolta diz mais dos EUA do que do Brasil no momento
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2011, Economia, p. B4

O fato de que o credit default swap (CDS) de um ano do Brasil tenha caído abaixo do americano diz mais, neste momento, sobre os Estados Unidos do que sobre o Brasil. Na verdade, o CDS de cinco anos, que hoje reflete melhor a percepção de risco de default no caso dos EUA, ainda coloca o spread de risco brasileiro como cerca do dobro do americano.

O CDS de um ano dos EUA está afetado pela novela da renovação do teto de endividamento americano. O teto oficial de US$ 14,3 trilhões foi atingido em maio e, agora, o que deveria ser um ritual automático - a elevação desse limite pelo Congresso -, transformou-se numa batalha política. A oposição republicana ameaça barrar a elevação (e tem votos para tanto), caso o governo Obama não consinta, pelo menos em alguns pontos, no plano de ajuste fiscal dos seus adversários.

Ninguém ainda acha que, de fato, o teto não será elevado, o que poderia ter efeitos cataclísmicos na economia não só americana, como global. Mas o impasse criou uma tensão que está afetando os títulos públicos americanos de prazo mais curto.

Por outro lado, é inegável a evolução favorável do risco do Brasil e de outros emergentes nos últimos anos, o que se reflete na queda dos CDSs, que são uma espécie de seguro contra calote. Octavio de Barros, diretor de Pesquisas do Bradesco, nota que o baixo risco brasileiro contrasta com a altíssima carga dos juros da dívida pública do País, que, gastando 5,3 pontos porcentuais do PIB com isso, só perde, numa lista de 38 economias importantes, para a ultraquebrada Grécia.

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