Título: Mulheres são mais realistas com Gloria Coelho e Huis Clos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/06/2011, Metrópole, p. C12

Elas são da mesma geração da moda, há mais de 30 anos no mercado, e souberam traçar seu caminho com um risco próprio. As marcas Gloria Coelho e Huis Clos sabem com qual mulher elas falam - e falam de mulher para mulher, criando uma imagem mais realista do que a dos dois grandes desfiles do dia anterior (Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch). É interessante ver o contraponto entre a mulher idealizada por uma mulher e a mulher imaginada por um homem. O homem põe a mulher numa situação de glamour e sonho. A mulher se vê no dia a dia, onde a sabedoria está em equilibrar o trabalho e a festa.

Com seu jeito de heroína de ficção científica, a mulher de Gloria Coelho tem um toque de X-Men com o futurismo dos anos 1960. Ela se cobre com couro, mas pode bem usar plástico e brincar com a transparência da organza. No clima do eclipse de ontem, ela se liga nos astros e quer trazer a energia de cada signo para si, vestindo o zodíaco ou lembrando que Netuno está de volta ao signo de Peixes depois de 184 anos - e se Gloria diz que isso é importante, bem, acho melhor não duvidar. No filtro fashion de Gloria, as franjas hippies viram faixas de couro em vestidos minimalistas e o metal punk se torna bordado rico, sofisticado, no momento preto de um desfile com uma cartela de cores especial.

Na Huis Clos, as cores são quietas, a roupa é calma e a mulher é silenciosa. Tudo tão simples e tão preciso. Na limpeza de estilo, cada detalhe escolhido pela estilista Sara Kawasaki salta aos olhos, como os recortes dos tops blusê ou as franjas-xale que entram no vestido como se fossem bordado em movimento. E é emocionante ver tanto cuidado com cada centímetro. A moda merece esta atenção.