Título: Premier Islandês no banco dos réus
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/06/2011, Economia, p. B9

Geir Haarde é acusado de ter levado país à crise

Inocente. Foi isso que Geir Haarde declarou ontem diante de uma corte ao ser acusado formalmente de ter levado seu país à crise. Na época, Haarde não era dono de banco nem especulador. Era o primeiro-ministro da Islândia. Na Espanha, Portugal e Irlanda, governos perderam eleições por conta da crise. Mas, até hoje, Haarde é o único chefe de governo a ser levado aos tribunais em 70 anos.

A acusação contra ele é a de não ter tomado iniciativas para prevenir a crise dos bancos. Para a acusação, Haarde falhou na sua tarefa como primeiro-ministro. Se for condenado, pode pegar até dois anos de prisão.

A Islândia praticamente faliu depois da crise em 2008 e descobriu que seu crescimento não passava de uma bolha. Mas, para o ex-primeiro-ministro, o processo contra ele é político. "Declaro ser inocente", insistiu ontem ao tribunal, numa audiência transmitida ao vivo na tevê. "Esse é o primeiro processo político da história do país."

Mas o tribunal criado em 1905, exclusivamente para processos contra membros do governo, decidiu manter o caso. Haarde é o primeiro a comparecer a esse tribunal em 106 anos de história.

Por anos, Haarde foi considerado como um modelo de gestão por ter levado o país de pescadores a ter um dos melhores índices de vida do planeta. Ao mesmo tempo, transformou a Islândia num centro financeiro. Em 2008, os bancos mantinham dívidas equivalentes a nove vezes o PIB da Islândia. Se quebrassem, seria o colapso do país. Naquele mesmo ano, o FMI resgataria a Islândia com um pacote de US$ 5 bilhões.