Título: Entrada de dólares é seis vezes maior que em 2010
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2011, Economia, p. B5

Até junho, entrada líquida da moeda americana no País chega a US$ 42 bi; desde abril, a contribuição das exportações nessa conta ganhou relevância

A entrada líquida de dólares no Brasil acumula este ano, até o início de junho, um total de US$ 42,65 bilhões, volume quase seis vezes superior ao verificado em igual período do ano passado. O forte ingresso de recursos, na forma de investimentos e empréstimos, foi o fator que mais contribuiu para esse desempenho no primeiro trimestre. Mas desde abril, as exportações passaram a ter peso mais relevante.

Nos três primeiros meses do ano, o fluxo cambial foi puxado, principalmente, pela entrada de dólares na chamada conta financeira, que registra o movimento de recursos sob a forma de investimentos, empréstimos, remessas de lucros e dividendos, entre outros.

Nos meses de abril e maio, entretanto, a conta ficou no vermelho. Ainda assim, o saldo acumulado no ano é positivo em US$ 28,02 bilhões. Nos últimos dois meses, o lado comercial foi o grande motor da entrada de dólares no País, o que acabou garantindo a manutenção do fluxo cambial no terreno positivo.

De acordo com levantamento feito pelo Banco Central, e divulgado ontem, as exportações em maio superaram as importações em US$ 7,26 bilhões. Esse é o maior resultado positivo registrado desde abril de 2008. No mês anterior, o segmento comercial também teve superávit superior ao saldo negativo registrado na conta financeira. No acumulado do ano, até 3 de junho, a conta de comércio tem resultado positivo de US$ 14,63 bilhões.

O diretor de câmbio da NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, explicou que o desempenho da conta de comércio foi mais forte no início de maio por uma combinação de câmbio mais desvalorizado com o aumento da taxa de juros em dólar no mercado, o chamado cupom cambial.

Essa situação, argumentou, levou os exportadores a trazerem mais divisas para o País. O desempenho negativo do câmbio financeiro em maio e abril reflete em grande medida as iniciativas adotadas pelo governo para conter a entrada de capitais de curto prazo, disse Nehme.

Nova regra. Enquanto o fluxo cambial se mostra mais moderado do que vinha ocorrendo no início do ano, as apostas dos bancos na valorização do real também se mostram menos intensas. A chamada posição vendida dos bancos em câmbio encerrou maio em US$ 9,30 bilhões, enquanto, no mês anterior, havia ficado em US$ 11,73 bilhões. Desde abril, está em vigor uma regra que limita as apostas dos bancos, com objetivo de evitar que essa posição vendida ficasse muito acima de US$ 10 bilhões.

As intervenções do BC elevaram as reservas internacionais em US$ 4,27 bilhões em maio.