Título: Telebrás assina primeiro contrato para tirar plano de banda larga do papel
Autor: Mendes, Karla
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2011, Negócios, p. B17

Empresa de Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, contratou link de 100 Mbps, com o compromisso de oferecer pacotes de 1 Mbps a R$ 35; as concessionárias Oi e Telefônica não querem oferecer esse pacote em cidades de alto poder aquisitivo

A Telebrás assinou ontem o primeiro contrato com uma empresa que vai oferecer acesso rápido à internet por R$ 35, seguindo os moldes definidos pelo governo no Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). O acordo foi fechado com a Sadnet, provedor que opera no município de Santo Antônio do Descoberto (GO). A venda do serviço deve começar dentro de 30 dias.

"É mais um momento histórico da Telebrás", comemorou o presidente da estatal, Caio Bonilha, que assumiu o cargo na semana passada. A assinatura ocorreu dias depois de Oi e Telefônica terem feito uma proposta para oferecer banda larga de 1 megabit por segundo (Mbps) de velocidade a R$ 35 no PNBL sem a obrigação de contratar uma linha de telefone - que custa mais de R$ 40 -, mas apenas aos municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média nacional.

Conforme informou o Estado, a justificativa das companhias é que, nas capitais e nos municípios com renda mais elevada, a concessionária enfrenta forte concorrência e a venda de acesso a internet sem uma linha de telefone reduziria sua receita.

Por razões de confidencialidade, Bonilha disse que o valor do contrato assinado com a Sadnet não poderia ser revelado. Ele informou, porém, que a empresa contratou um link de 100 Mbps com preço abaixo de R$ 200 por Mbps. Atualmente, a Sadnet paga mais de R$ 500 para comprar o link de outras empresas.

A concessão desse "benefício" será monitorado pela Telebrás. Segundo Bonilha, a Sadnet terá de registrar, no mínimo, cinco usuários - com pacotes de R$ 35 por um mega de velocidade - para cada megabit do link adquirido. Isso representa um mínimo de 500 usuários atendidos. "É mandatório. Isso nós vamos monitorar", enfatizou.

Logomarca. Está previsto no contrato que a Sadnet poderá usar a logomarca da Telebrás como parceira no lançamento do produto. Junto com a logo, porém, estará explícito o número do call center da estatal por meio do qual os usuários poderão registrar reclamações em relação ao serviço oferecido.

Segundo o diretor administrativo da Sadnet, Luiz Tomaz, a empresa atende mais de mil clientes em Santo Antônio do Descoberto e espera dobrar essa base nos próximos seis meses. "A grande vantagem do PNBL para a gente é o valor do link", afirmou. Hoje, mais de 76% da receita da empresa provém das assinaturas de acessos com velocidade menores, para a baixa renda.

A partir do contrato com a Telebrás, porém, o executivo explicou que esses clientes terão acesso a um serviço de maior velocidade por um preço menor. Hoje, a empresa oferece planos de 200 quilobits por segundo (Kbps) - um quinto da velocidade que estará disponível - a R$ 39,90. A Sadnet tem contratação de link com a Embratel e a Unotel, que serão cancelados.

Outros seis contratos deverão ser assinados pela Telebrás nos próximos dias com prestadores de serviço na rota entre Brasília e Itumbiara (GO). De acordo com Bonilha, o papel da empresa é regular o preço no atacado. "Na medida em que conseguirmos que o provedor baixe o preço para o usuário final, estamos cumprindo o nosso papel social que é viabilizar o acesso à internet ao maior número de pessoas possível, em especial, à população de mais baixa renda", destacou.