Título: China volta a surgir como tábua de salvação do euro
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/06/2011, Economia, p. B10/11

Mero anúncio de turnê europeia de Wen Jiabao e rumor que Pequim pode comprar dívida da UE aliviam em parte tensão

Em meio ao caos político e econômico na Europa, a China anuncia que está disposta a ajudar o continente a superar sua crise da dívida. Na próxima semana, o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao, fará uma turnê pela Europa e o mero anúncio de sua viagem já repercutiu de forma positiva nas bolsas, aliviando em parte a tensão da crise na Grécia diante dos rumores de que Pequim possa incrementar a compra de papéis da dívida da UE.

No início do ano, Wen esteve já na França, Portugal e Espanha, indicando que Pequim estava comprometida a "fazer sua parte" para ajudar os governos europeus a superar sua crise da dívida. Agora, visitará a Alemanha e o Reino Unido, além da Hungria, que preside a UE.

Em todas as etapas de sua viagem, Wen estará confrontado pelo interesse dos europeus de que parte da dívida soberana dos países em dificuldade seja adquirida pelos fundos chineses, que se acumulam nos cofres do Estado.

Crescimento sustentável. Em resposta à situação na Grécia, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei, confirmou o interesse de Pequim em achar uma solução. "Esperamos que a Grécia, a União Europeia e a comunidade internacional possam cooperar para atingir uma estabilidade", disse. "Estamos confiantes de que zona do euro voltará a ter um crescimento sustentável", afirmou o porta-voz.

Na Europa, governos já abandonaram a diplomacia e passaram a fazer pedidos escancarados para que Pequim compre parte de suas dívidas. A China insiste que já comprou "bilhões de euros em dívida europeia".

O interesse por estabilizar a situação da Europa não é apenas dos governos do continente. A China tem hoje como maior destino de suas exportações justamente a Europa e quer uma garantia de expansão da economia da UE para manter suas vendas. Além disso, parte de suas reservas de US$ 3 trilhões estão em euros e uma queda da moeda europeia também significaria uma perda da reserva chinesa.