Título: Uma intifada a cada sexta-feira
Autor: Watkins, Nathalia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2011, Internacional, p. A24

Enquanto os protestos nas fronteiras de Israel ganham força, outras manifestações semanais que ocorrem há anos em vilarejos palestinos, como Bilin e Nilin, na Cisjordânia, voltaram a ocupar as manchetes da imprensa israelense.

Toda sexta-feira, depois da principal oração do dia, os palestinos saem para protestar contra a ocupação israelense em pelo menos dez localidades diferentes. O ritual é sempre o mesmo. De um lado, ativistas palestinos, israelenses e estrangeiros, mulheres e crianças. Cartazes, bandeiras palestinas, gritos por liberdade.

Do outro lado, as bem equipadas forças de segurança israelenses. Nesse ponto, a narrativa se divide. Enquanto o lado palestino alega que os militares fazem uso excessivo de força, os israelenses afirmam que a utilização de meios para dispersar a multidão é imprescindível para evitar o avanço dos manifestantes para áreas habitadas por israelenses.

Protestos. Hoje, os palestinos pretendem realizar uma nova onda de marchas em direção às fronteiras de Israel para lembrar os 44 anos da Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando o Israel tomou a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, do Egito, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia, da Jordânia, e as Colinas do Golan, da Síria.

O evento foi inspirado nas marchas realizadas no "Dia da Catástrofe" (ou Nakba, em árabe), como os palestinos se referem à criação do Estado de Israel. Os protestos nas fronteiras no norte de Israel, em maio, deixaram 15 mortos e causaram um grande constrangimento para o país, que não estava preparado para conter as manifestações.

No entanto, a marcha - batizada pelos organizadores de "Naksa" - perdeu força ontem, depois que a comunidade palestina do Líbano cancelou os protestos e prometeu uma greve em 12 campos de refugiados. A mudança de planos, de acordo com a imprensa israelense, teria sido resultado de uma pressão dos EUA. O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, porém, garantiu que as forças de segurança do país continuam a postos para as outras manifestações programadas.

Segundo os organizadores do evento, a Nakba mostrou que o território palestino pode ser libertado por marchas pacíficas e a "nação islâmica está disposta a pagar qualquer preço para libertar a Palestina, até mesmo a morte de 1 milhão de mártires".