Título: Só 20 % das micro e pequenas vendem para os governos
Autor: Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/06/2011, Economia, p. B8

Os governos federal, estaduais ou municipais representam apenas 4% do faturamento das pequenas empresas

Apesar das mudanças na legislação brasileira, uma pequena parcela das micro e pequenas empresas (MPEs) consegue fazer negócios com o setor público, que é um dos grandes contratantes de bens e serviços. Os governos federal, estaduais ou municipais representam apenas 4% do faturamento das pequenas.

Isso é o que mostra uma sondagem de opinião feita pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e divulgada com exclusividade ao Estado.

Segundo o levantamento, só 20% das 4,2 mil empresas pesquisadas em todo o país vendem seus produtos para os governos. Na avaliação do presidente do Sebrae, Luiz Barretto, esses números ainda são baixos e há espaço para crescimento dos negócios não só com o setor público, mas também com grandes e médias empresas. As grandes companhias representam 16% do faturamento das pequenas. Trinta e sete por cento das MPEs brasileiras vendem para grandes.

Para melhorar esse cenário, as pequenas empresas precisam se preparar para conseguir oferecer preços competitivos, aumentar a capacidade de produção, nem que para isso tenha que associar-se ou fundir-se com outras companhias, e diminuir os desperdícios. Na avaliação de Barretto, o que tem impedido uma expansão mais rápida dos negócios entre pequenas e governos é o fato de que quase a metade dos municípios brasileiros não regulamentou a Lei Geral de Micro e Pequena Empresa, que começou a vigorar em agosto de 2007. Hoje, dos 5.565 municípios brasileiros, 2.509 não têm essa legislação regulamentada.

Além de ter um regime especial de tributação, a regulamentação da lei permite que contratações de serviços e produtos no valor de até R$ 80 mil sejam destinadas exclusivamente para micro e pequenas empresas.

Somente por causa disso, o governo federal aumentou as compras das MPEs de R$ 9,39 bilhões em 2006 para R$ 15,97 bilhões no ano passado, uma expansão de 70%. Em 2002, essas compras correspondiam a R$ 2,9 bilhões.

Negócio bem-sucedido. Uma da empresas que conseguiram sair das cinzas com as negociações com o governo, principalmente com o município de São Paulo, foi a Famal, que comercializa soluções em pisos de borracha e produtos de sinalização viária. Segundo o proprietário da Famal, Marcelo Nonato, a empresa passou por várias dificuldades financeiras e só conseguiu se erguer por causa da venda de produtos para governos locais como o de São Paulo. "Hoje o governo representa 70% do nosso faturamento", disse Nonato, que tem a meta de faturar R$ 2,4 milhões neste ano.

Para não perder os negócios oferecidos pelo governo, o empresário tem um funcionário que se dedica exclusivamente as licitações. Ele também conseguiu expandir os negócios, pois tem investido alto na divulgação pela internet e na melhora do atendimento ao consumidor.

Falta de planejamento. Ao contrário da empresa de Nonato, a maioria das pequenas ouvidas na pesquisa do Sebrae (65%) não tem uma estratégia diferenciada para comercializar seus produtos com as grandes. O estudo identificou ainda que apenas 37% das pequenas empresas brasileiras conseguem driblar as dificuldades em reduzir preços e aumentar a produção para vender suas mercadorias para as médias e grandes empresas. As grandes participam com 16% do faturamento. O grosso da renda dos pequenos (58%) vem da negociação direta com o consumidor.

Na avaliação do Sebrae, os negócios podem ser intensificados com associação das pequenas empresas e investimentos em inovação para diminuir desperdícios. Para sobrevivência das pequenas nesse mercado competitivo, também pode ser melhorado as vendas para o governo.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 05/06/2011 01:23