Título: Congresso dos EUA debate corte de verba para ação contra Kadafi
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2011, Internacional, p. A12

Irritação com a entrada americana no conflito líbio sem permissão do Legislativo une democratas e republicanos

A Câmara dos Deputados dos EUA deve votar esta semana uma medida que limitaria o financiamento da ação militar americana na Líbia. O corte orçamentário contraria os interesses da Casa Branca, que não solicitou a autorização dos congressistas antes de anunciar o envolvimento do país na missão.

De um lado, estão democratas e republicanos contrários à guerra que se queixam do atropelamento da autoridade do Congresso. De outro, democratas que não desejam contrariar o presidente, acompanhados pelos republicanos que apoiam enfaticamente o envolvimento americano na Líbia.

Na semana passada, o democrata Dennis J. Kucinich, de Ohio, disse que apresentaria uma emenda que cortaria os gastos atuais e futuros com as operações militares na Líbia "para recuperar a autoridade do Congresso". Republicanos disseram que ao menos um de seus membros pode propor uma lei separada, estabelecendo critérios para o financiamento. A proposta provavelmente cortaria gastos com missões específicas como os ataques com aeronaves não tripuladas e proibiria o uso de soldados americanos no país.

De acordo com a interpretação de alguns parlamentares, Obama teria de encerrar a missão ou reduzir suas dimensões a partir de hoje, a não ser que recebesse um autorização do Parlamento. Obama respondeu dizendo que as operações americanas são limitadas e não chegam a ser "hostilidades", razão pela qual não seria necessária a permissão do Congresso.

A questão do financiamento tornou-se mais urgente depois que uma matéria publicada pelo New York Times revelou no fim de semana que Obama havia rejeitado a opinião dos principais advogados do Pentágono e do Departamento de Justiça ao decidir que tinha autoridade legal para seguir com a participação americana na guerra aérea sobre a Líbia sem a anuência do Congresso.

"O presidente fez um péssimo trabalho na comunicação e na administração de nosso envolvimento na Líbia. Mas não pretendo fazer parte de um esforço para cortar o financiamento da missão na Líbia. Se fracassarmos contra Kadafi, teremos o fim da Otan", disse o republicano Lindsey Graham, senador da Carolina do Norte. Outros senadores - entre eles o republicano John McCain, do Arizona - criticaram os republicanos do Congresso atacar Obama nesse tema.

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