Título: De Brasília, Garotinho mira prefeito do Rio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/07/2011, Nacional, p. A7

Deputado articula contra reeleição de Paes e já pensa em voltar a ser governador em 2014

Enquanto ganha os holofotes atacando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), defendendo pautas caras ao público evangélico e fazendo ataques ao governador Sergio Cabral (PMDB), o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) passa boa parte do tempo em Brasília articulando nos bastidores um plano para tentar evitar a reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Inquieto, Garotinho não se preocupa só em buscar aliados: ele quer mobilizar o maior número possível de políticos cariocas contra o prefeito.

A reportagem do Estado observou a frenética movimentação do ex-governador nas últimas semanas. Em paralelo a negociação da polêmica aliança com o grupo do ex-prefeito Cesar Maia (DEM), em conversas ao pé do ouvido Garotinho estimula que o máximo de partidos lance nome próprio para as eleições na capital fluminense.

Na busca pela multiplicação dos candidatos, ele não liga para fronteiras ideológicas. Um dos interlocutores abordados recentemente foi Chico Alencar (PSOL). Garotinho perguntou sobre os planos do PSOL. Chico confidenciou que o partido deve escalar o deputado estadual Marcelo Freixo e ouviu elogios.

Outro político frequentemente abordado é Otavio Leite, provável candidato do PSDB. Garotinho incentiva a candidatura por ver uma possibilidade de apoio em um possível segundo turno.

O foco preferido dos últimos dias é o PT. Para o ex-governador, se os petistas entrarem com nome próprio na disputa, um segundo turno está garantido. O deputado Alessandro Molon e o senador Lindberg Farias são os petistas com quem Garotinho faz sua pregação. "O Molon está animado, mas o Lindberg tem a ilusão de conseguir o apoio do PMDB para ser governador em 2014", diz Garotinho.

Em família. O ex-governador garante que a aliança com o grupo de Maia é para valer. O cabeça da chapa seria o filho do ex-prefeito, Rodrigo, e a vice ficaria com Clarissa, filha de Garotinho. Em troca, o ex-governador espera o apoio do DEM em até 80 cidades do Rio. Ele não vê problemas na união entre dois grupos que passaram anos se atacando e cita o próprio adversário da vez como exemplo. "O Eduardo Paes passou anos no PSDB, chamou o filho do Lula de ladrão e depois mudou de lado para ser prefeito. Não tem problema de coerência, cada eleição é uma eleição e as pessoas entendem isso", avalia Garotinho.

À vontade pelos corredores do Congresso em sua estreia em Brasília, o ex-governador mira 2012 como um trampolim para alcançar seu verdadeiro objetivo. "Meu projeto é ser candidato ao governo do Rio em 2014."