Título: Esquerda quer que Strauss-Kahn volte à política
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/07/2011, Internacional, p. A13

Após ser libertado nos EUA, pesquisa mostra que 60% dos eleitores socialistas querem que ex-diretor do FMI retome sua atuação à frente do partido

Uma pesquisa divulgada ontem pelo jornal Le Parisien mostrou que 60% dos eleitores de esquerda da França querem que o ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, retome sua atuação política. Entre a população em geral, 49% querem vê-lo de volta à política francesa.

Strauss-Kahn, do Partido Socialista, era um dos poucos que ameaçava a reeleição do atual presidente, Nicolas Sarkozy, em 2012. Por meses, ele adiou o anúncio de sua candidatura. No início do ano, em Genebra, disse que falaria do assunto "apenas quando a situação fosse adequada."

No entanto, os fatos atropelaram Strauss-Kahn. Em maio, ele foi preso em Nova York quando embarcava de volta para a França. O ex-chefe do FMI foi acusado de violência sexual contra uma camareira do Hotel Sofitel. Foi obrigado a renunciar, acabou indiciado, preso e sua carreira política parecia definitivamente condenada.

Na sexta-feira, entretanto, a promotoria de Manhattan descobriu que Nafissatou Diallo, a camareira de Guiné, havia mentido em seu depoimento e nos papéis de asilo nos EUA. Nafissatou também estaria envolvida em várias atividades suspeitas. Diante da falta de credibilidade da vítima, a Justiça americana decidiu libertar Strauss-Kahn e estuda arquivar o caso.

Nova mudança. A reviravolta no caso mudou novamente o panorama político na França. O limite para apresentar candidaturas às primárias do Partido Socialista é 13 de julho. O ex-chefe do FMI, porém, terá sua audiência decisiva apenas no dia 18 - ele poderia perder o prazo por cinco dias.

Favorito entre os socialistas, François Hollande já deu sinal verde para que o limite para a apresentação de candidaturas seja estendido, favorecendo Strauss-Kahn. As demais candidatas - Martine Aubry e Ségolène Royal - também dizem que não veem problemas em adiar a data.

Aubry, contudo, já havia fechado um acordo com Strauss-Kahn de apoio mútuo, mas, diante da prisão do francês em Nova York, ela decidiu lançar sua candidatura. Agora, ninguém sabe se ela permanece ou não candidata se Strauss-Kahn for inocentado.

 Tópicos: , Internacional, Versão impressa