Título: UE deve liberar-¿ 12 bi a Grecia apos arrocho
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2011, Economia, p. B8

Merkel, Sarkozy, Trichet e Papandreou se reuniram ontem para discutir garantias sobre austeridade fiscal, em troca de nova parcela do empréstimo

Os líderes políticos da Alemanha e da França, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, reuniram-se no início da tarde de ontem, em Bruxelas, para deliberar sobre a liberação de ¿ 12 bilhões à Grécia.

O valor diz respeito à nova parcela do empréstimo concedido em maio de 2010 pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) a Atenas, com o objetivo de aplacar a crise fiscal no país. Em troca, o primeiro-ministro grego, o socialista Georges Papandreou, se comprometeu a aprovar mais um programa de austeridade nas próximas semanas.

A reunião em petit comité, convocada pela Alemanha, foi revelada pelo jornal Le Monde e precedeu o encontro de cúpula de chefes de Estado e de governo da UE, aberto no início da noite.

Do debate participaram ainda o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, e o coordenador do fórum de ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker. O objetivo da reunião foi obter garantias do governo grego de que o pacote de rigor fiscal - o segundo desde 2010 será aprovado pelos deputados até 3 de julho.

Em troca dos cortes de gastos, estimados em ¿ 28 bilhões, e do programa de privatizações avaliado em ¿ 50 bilhões, a UE deve liberar a nova parcela do empréstimo de ¿ 110 bilhões. Além disso, Merkel, Sarkozy e demais líderes do bloco europeu deverão conceder um novo empréstimo aos gregos, estimado em ¿ 120 bilhões, mais uma vez com participação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do FMI, que financiará 33% dos recursos.

Após o encontro, Juncker reiterou que a UE não cogita a reestruturação total da dívida grega, que supera os 150% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. "Não há um plano B. A Grécia deve fazer o que precisa fazer", pressionou.

Sem moratória. Papandreou também falou à imprensa e ratificou sua disposição de aprovar as medidas, de forma a impedir a moratória e o default - ao menos por enquanto. "Eu penso que, se houver um engajamento forte da parte da União Europeia, haverá um engajamento forte da Grécia ao mesmo tempo", disse o primeiro-ministro, cujo governo foi salvo na noite de quarta-feira por um voto de confiança do Parlamento grego.

A crise na Grécia é o grande tema da reunião de cúpula mensal da UE, mas não é o único. Além de deliberar sobre o eventual desbloqueio de recursos, os chefes de Estado e de governo devem homologar o nome do presidente do Banco Central da Itália, Mario Draghi, como futuro presidente do Banco Central Europeu, em substituição a Jean-Claude Trichet. O mandato do francês se encerra em setembro./ COM FRANCE PRESSE

Até policiais protestam

Milhares de policiais e bombeiros gregos protestaram no centro de Atenas ontem contra o plano de austeridade. Carregando cartazes e assoprando apitos condenavam cortes de gastos.