Título: Escritora processa Strauss-Kahn por assédio na França
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2011, Internacional, p. A12

Advogados do ex-chefe do FMI prometem uma ação por calúnia contra Tristane Banon, que teria sido atacada por ele em 2003

PARIS

A jornalista e escritora Tristane Banon, de 32 anos, anunciou ontem, por meio de seu advogado, que processará o ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn por tentativa de estupro em 2003. "Ela realmente sofreu uma tentativa de estupro por parte de Strauss-Kahn", disse David Koubbi, advogado de Tristane. "Como vítima, ela tem direito de exigir uma reparação perante a Justiça francesa."

O novo processo por tentativa de estupro ocorre no momento em que as acusações de violência sexual contra Strauss-Kahn na Justiça americana perderam o fôlego desde que a promotoria de Nova York encontrou inconsistências no depoimento da camareira Nafissatou Diallo, que acusa o ex-chefe do FMI de tê-la atacado em 14 de maio no Hotel Sofitel, de Manhattan.

"Não me importa o que ocorrerá nos EUA nos próximos dias. Se o dossiê de acusação contra Strauss-Kahn (na Justiça americana) é vazio, o nosso não é. Ele é extremamente sólido e fundamentado", afirmou Koubbi, em entrevista ao jornal L"Express.

Koubbi afirma que a decisão de entrar com o processo na França foi tomada em meados de junho, antes da libertação de Strauss-Kahn de sua prisão domiciliar em Nova York, na sexta-feira.

"Esperei o tempo necessário porque não queria ser usado pela Justiça americana. Eu não desejava que as alegações de minha cliente fossem ligadas às da camareira", disse.

O advogado garantiu que entrará com a ação hoje. "Os fatos não são constitutivos de uma agressão sexual, mas mais de uma tentativa de estupro, para o qual o tempo de prescrição é de dez anos", disse Koubbi.

Segundo o advogado, sua cliente foi alvo de uma agressão sexual há oito anos, quando ela o entrevistou para preparar um livro. Em 2007, a jovem relatou o caso na TV francesa, mas o nome de Strauss-Kahn foi encoberto por um bipe na edição do programa.

"Ele me propôs o encontro, me deu seu endereço. Ao chegar, ele gentilmente abriu a porta. Eu liguei o gravador. Ele quis pegar minha mão para responder, dizendo: "Não conseguirei se você não segurar a minha mão"", contou ela na TV.

Violência. Em seguida, Strauss-Kahn segurou o braço da jornalista. "Ele tentou ir mais longe, mas o fiz parar. Acabou violentamente. Brigamos no chão. Eu o chutei, ele tentou abrir meu sutiã e minha calça."

Anne Mansouret, mãe de Tristane e conselheira do Partido Socialista (PS) da França, convenceu a filha a não prestar queixa contra Strauss-Kahn - hoje, Anne se diz arrependida. As famílias dos dois são próximas. Publicamente, Tristane descreve o ex-chefe do FMI como "um chimpanzé no cio".

Strauss-Kahn classificou a tentativa de estupro como "imaginária". Ontem, Henri Leclerc e Frédérique Baulieu, advogados do ex-diretor do FMI, anunciaram que ele pretende processar a jornalista por calúnia. / REUTERS e AFP

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