Título: Câmara aprova R$ 24 mil para Kassab e aumento de 250% para secretários
Autor: Zanchetta, Diego
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/07/2011, Metrópole, p. Cc1

Reajuste vale a partir de janeiro e deve custar cerca de R$ 3 milhões anuais aos cofres públicos; foram 40 votos a favor e 14 contra

Sob os gritos de "vergonha", a Câmara Municipal aprovou ontem, em tempo recorde, o reajuste salarial do prefeito Gilberto Kassab (sem partido) e dos 27 secretários. A segunda votação da proposta teve 40 votos a favor e 14 contra (1 vereador estava ausente). A partir de 1.º de janeiro de 2012, o vencimento do prefeito passa de R$ 20 mil para R$ 24 mil e o dos secretários, de R$ 5,5 mil para R$ 19,4 mil. O impacto nas contas públicas ficará em torno de R$ 3 milhões por ano.

Em uma semana, a proposta passou por três votações relâmpagos na Câmara: duas em plenário e uma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). E não foi só isso: ontem, nas últimas sessões antes do recesso de julho e em menos de cinco horas, a base governista atropelou a oposição e ignorou apelos de centenas de famílias contrárias aos projetos de construção de um túnel entre o Brooklin e a Rodovia dos Imigrantes e à proposta que autoriza a venda de um terreno no Itaim-Bibi onde funcionam duas escolas, teatro, biblioteca e uma sede da Apae. Todos passaram com 39 votos favoráveis.

Nenhum projeto, porém, causou mais indignação entre as 200 pessoas presentes no plenário da Casa quanto o do aumento salarial do prefeito. Mas os gritos de "vergonha" que ecoaram das arquibancadas não intimidaram os governistas.

Quando foi colocado em pauta, o reajuste chegou até a render discussão. Mas houve apenas o registro de voto contrário de dez dos 11 vereadores do PT e dos parlamentares Aurelio Miguel (PR), Adilson Amadeu (PTB), Cláudio Fonseca (PPS) e Eliseu Gabriel (PSB).

Fonseca, apesar de líder do PPS e um dos principais articuladores do governo, votou contra a orientação da base. "Só vou votar se o mesmo aumento for dado aos professores", argumentou o parlamentar, que também é presidente do Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino.

Indignação. No plenário, a ira de quem vai ser desapropriado para a construção do túnel projetado para a zona sul aumentou com a votação do reajuste. Alguns moradores da Favela do Vietnã, prevista para ser desapropriada no Brooklin, usaram palavrões para xingar os vereadores da Mesa Diretora e juraram lembrar de seus nomes nas eleições de 2012.

"Esperaram o último dia antes das férias para votar um "pacote de maldades" contra a população e a favor do prefeito Kassab. Não vamos esquecer de vocês", gritava do plenário a líder comunitária Rosália de Oliveira, de 44 anos. /COLABOROU RODRIGO BURGARELLI

PONTOS-CHAVE

Prefeito já teve reajuste automático

Tentativa A Mesa Diretora da Câmara havia tentado aumentar o salário de Kassab (de R$ 12 mil para R$ 24 mil) em 2010, mas a proposta foi barrada.

A brecha Um decreto de 1992 que atrela o rendimento do prefeito ao de deputados estaduais elevou automaticamente o salário de Kassab para R$ 20 mil em fevereiro.

Contestação O Ministério Público vai investigar o reajuste automático de Kassab. Uma resolução similar que beneficiava os vereadores já está sendo contestada.

COMO OS VEREADORES VOTARAM

A favor do aumento

Abou Anni (PV) Adolfo Quintas (PSDB) Agnaldo Timóteo (PR) Antonio Carlos Rodrigues (PR) Atílio Francisco (PRB) Attila Russomanno (PP) Aurélio Nomura (PV) Carlos Apolinario (DEM) Celso Jatene (PTB) Claudinho (PSDB) Claudio Prado (PDT) Dalton Silvano (sem partido) David Soares (PSC) Domingos Dissei (DEM) Edir Sales (DEM) Evérson M. de Oliveira (PSDB) Gilson Barreto (PSDB) Goulart (PMDB) Jamil Murad (PCdoB) José Police Neto (sem partido) José Rolim (PSDB) Juscelino Gadelha (sem partido) Marco Aurélio Cunha (DEM) Marta Costa (DEM) Milton Ferreira (PPS) Milton Leite (DEM) Natalini (sem partido) Netinho de Paula (PCdoB) Noemi Nonato (PSB) Paulo Frange (PTB) Quito Formiga (PR) Roberto Tripoli (PV) Salomão Pereira da Silva (PSDB) Sandra Tadeu (DEM) Souza Santos (sem partido) Tião Farias (PSDB) Toninho Paiva (PR) Ushitaro Kamia (DEM) Victor Kobayashi (PSDB) Wadih Mutran (PP)

Contra o aumento

Adilson Amadeu (PTB) Alfredinho (PT) Arselino Tatto (PT) Aurelio Miguel (PR) Carlos Neder (PT) Chico Macena (PT) Claudio Fonseca (PPS) Donato (PT) Eliseu Gabriel (PSB) Francisco Chagas (PT) Ítalo Cardoso (PT) José Ferreira (PT) Juliana Cardoso (PT) Senival Moura (PT)

Ausente

José Américo (PT)