Título: Dólar é o mais baixo desde janeiro de 1999
Autor: Rocha, Silvana
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2011, Economia, p. B5

Moeda americana encerrou o primeiro semestre valendo R$ 1,561, menor cotação desde a mudança do regime cambial do País, 12 anos atrás

O Estado de S.Paulo

O dólar caiu ontem pelo quarto dia seguido e fechou junho e o primeiro semestre do ano valendo R$ 1,5610. É a menor cotação desde 19 de janeiro de 1999, quando encerrou em R$ 1,5580, segundo o AE Taxas. Alguns dias antes, em 13 de janeiro daquele ano, o governo mudava o regime cambial do Brasil, que culminou em uma forte desvalorização do real ante a moeda americana.

A melhora externa amparada na mobilização europeia para garantir um novo programa de ajuda à Grécia manteve o apetite por risco nos mercados, beneficiando o euro e o real. Nesse clima, os investidores minimizaram o fim do programa de estímulo do Federal Reserve (Fed, banco central americano), assim como os dados positivos divulgados nos EUA.

Os beneficiados com o cenário foram investidores estrangeiros e bancos que vêm apostando na valorização da moeda brasileira e, por isso, ficaram "vendidos" em dólar no mercado local neste fim de mês e de semestre.

Em consequência, nas quatro sessões desta semana, a perda acumulada do dólar foi de 2,68%. Em junho, a desvalorização somou 1,14%. No primeiro semestre deste ano, o declínio é de 6,19%.

Preocupações. No decorrer de junho, a tensão com a crise de dívida europeia cresceu, elevando as preocupações com a desaceleração da economia global. Contudo, esta semana os investidores aumentaram a confiança num desfecho favorável para a crise grega.

Assim, diante da possibilidade de um aumento prolongado da taxa básica de juros (Selic) no Brasil, sinalizada pelo Relatório de Inflação do segundo trimestre divulgado pelo Banco Central (BC) e do baixo risco de investimentos no País, os agentes financeiros voltaram a apostar fortemente na moeda nacional, elevando suas posições vendidas em dólar.

Medidas insuficientes. Essa movimentação derrubou as cotações do dólar e, desde quarta-feira, o BC voltou a fazer dois leilões de compra de dólar à vista.

O governo também voltou a cogitar medidas adicionais. O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, reafirmou em almoço ontem com empresários que "o sinal amarelo está aceso", referindo-se ao câmbio.

Segundo ele, a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para compras no exterior não foi suficiente para reduzir as despesas lá fora. "Teremos de tomar medidas adicionais."