Título: Ação contra Strauss-Kahn está prestes a cair
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2011, Internacional, p. A15

Segundo jornal 'New York Times', promotores acreditam que camareira mentiu repetidas vezes

- O Estado de S.Paulo NOVA YORK - O processo contra Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor-geral do Fundo Monetário Internacional, pode entrar em colapso, porque os investigadores descobriram grandes contradições no depoimento de Nafissatou Diallo, a camareira que o acusa de estupro em um hotel de Manhattan em maio, segundo autoridades policiais envolvidas no caso.

Emmanuel Dunand/AFPPrisão. Strauss-Kahn durante audiência em Nova York Embora exames tenham indicado que houve uma relação sexual entre Strauss-Kahn e a mulher, os promotores não acreditam no que Nafissatou lhes contou sobre as circunstâncias do caso e sobre ela mesma. Desde que ela fez sua primeira acusação, em 14 de maio, a camareira mentiu repetidas vezes, segundo os investigadores.

Os promotores se encontraram com os advogados de Strauss-Kahn ontem e deram detalhes sobre suas descobertas. Eles estão discutindo se derrubam ou não a acusação inicial. Entre as descobertas estão questões envolvendo o pedido de asilo da camareira de 32 anos, que é de Guiné, e a ligação dela com atividades criminosas, incluindo tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.

Advogados voltam à Suprema Corte estadual de Nova York hoje, quando o juiz Michael Obus deve decidir o futuro de Strauss-Kahn, que pode ser libertado. A procuradoria pode ainda fazer um acordo para que ele se declare culpado apenas de "má conduta", delito de pouca gravidade.

As revelações marcam uma mudança drástica na sorte de Strauss-Kahn, favorito na campanha presidencial da França. Os promotores, que inicialmente estavam convencidos da força do caso, agora não escondem a fragilidade das provas.

Entre as evidências contra a camareira está o fato de ela ter falado ao telefone com um homem preso um dia após o suposto estupro e discutido com ele os possíveis ganhos com a acusação contra o ex-diretor do FMI. A conversa foi gravada.

O homem com o qual Nafissatou conversou havia sido preso por posse de 180 quilos de maconha. Ele é umas das muitas pessoas que realizaram depósitos em dinheiro - num total de US$ 100 mil - na conta da camareira. Os policiais também descobriram que ela tem pelo menos cinco contas de telefone - no depoimento, Nafissatou afirmou ter apenas uma.