Título: Com inflação e alta da Selic, déficit público atinge R$ 14,6 bi
Autor: Veríssimo, Renata; Graner, Fabio
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/07/2011, Economia, p. B4

Em maio, o pagamento de juros, de R$ 22,1 bi, foi o maior valor da série histórica do Banco [br]Central iniciada em 2001

BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo O aumento da inflação e a retomada do ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic) elevaram o custo da dívida pública brasileira. O pagamento de juros em maio atingiu R$ 22,1 bilhões, o maior valor da série histórica do Banco Central, iniciada em 2001. Por isso, mesmo com uma economia de R$ 7,5 bilhões (superávit primário) para pagamento dos juros, o setor público teve déficit em suas contas de R$ 14,6 bilhões.

Em função do cenário econômico, o BC elevou ontem a projeção de gastos do setor público com juros da dívida de 4,8% para 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

O acumulado em 12 meses, até maio, mostra que foram pagos R$ 219,7 bilhões, o maior valor da série histórica, e equivalente a 5,71% do PIB, também a maior variação desde setembro de 1998.

A previsão de déficit nominal para 2011, por consequência, subiu de 1,9% para 2,5% do PIB. A nova estimativa significa estabilidade em relação a 2010.

Ao comentar o resultado das contas públicas em maio, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio Maciel, preferiu destacar a retomada de superávits primários elevados este ano.

Tanto o resultado de maio, quanto o acumulado nos cinco primeiros meses, de R$ 64,8 bilhões, foram os segundos maiores valores para o período, abaixo apenas de 2008 quando a economia estava em forte expansão.

"Fica evidente a convergência para uma situação de normalidade na área fiscal. Estamos em trajetória de pleno cumprimento da meta", afirmou Maciel. O superávit acumulado de janeiro a maio representa 55% do valor total da meta de R$ 117,9 bilhões fixada pelo governo para este ano.

Segundo ele, o resultado foi influenciado pelo forte ritmo da atividade econômica, que se traduz em maior arrecadação, e desaceleração da alta das despesas.

ICMS. Estados e Municípios deram uma contribuição expressiva ao fazerem R$ 19,04 bilhões em superávit primário no acumulado de janeiro a maio, economia recorde para o período.

Maciel disse que o bom resultado é explicado pelo aumento das transferências pela União e pelo crescimento na arrecadação do principal tributo, o ICMS. Em 2010, o governo não cumpriu a meta de superávit primário do setor público porque os governos regionais não atingiram o valor esperado e o Tesouro não cobriu a diferença.

No acumulado de 12 meses até maio, o superávit primário ficou em R$ 126,6 bilhões, o melhor resultado da série apurada pelo BC. No entanto, esse saldo será reduzido em setembro quando sairão da conta R$ 30 bilhões que inflaram o resultado de 2010, por conta de uma manobra fiscal envolvendo a Petrobrás. Por isso, será preciso acumular gordura fiscal nos próximos meses.