Título: País paga no exterior menor juro histórico
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/2011, Economia, p. B6

Na primeira emissão externa do governo, investidor compra US$ 500 milhões em bônus de 10 anos com retorno de 4,18% ao ano

O Tesouro Nacional conseguiu ontem captar recursos no mercado internacional com o custo mais baixo da história. Na primeira emissão externa do governo Dilma Rousseff, investidores compraram o equivalente a US$ 500 milhões de um bônus com vencimento de 10 anos e aceitaram receber uma taxa de retorno de 4,18% ao ano. A operação deve ajudar a diminuir os custos dos empréstimos feitos por empresas brasileiras lá fora.

Ao longo deste ano, as captações externas empresariais vêm batendo recordes, impulsionadas pelos ventos mais favoráveis para o Brasil no exterior e pela elevação da nota de grau de investimento do País por duas agências internacionais de classificação de risco, a Moody"s e Fitch.

Havia grande expectativa no mercado privado com a captação do Tesouro depois da dupla melhoria da avaliação brasileira. As taxas dos papéis vendidos pelo Tesouro servem de referência para as emissões das empresas. Um dos problemas disso é que a entrada de dólares no País pode se acentuar. Até a operação de ontem, a menor taxa de retorno já registrada na venda de um bônus do governo brasileiro havia sido de 4,54% ao ano.

Essa taxa foi fechada na segunda vez que o Tesouro vendeu o bônus Global 2021, o mesmo papel que foi ofertado ontem. Essa foi a terceira vez que o governo vendeu esse papel - as duas primeiras foram feitas em 2010.

O bônus brasileiro também foi vendido ontem com o menor spread (diferença de juros) da história: 105 pontos base acima do título do Tesouro americano com vencimento também em 2021. O spread mais baixo é um indicador de uma avaliação menor de risco por parte do investidor em relação ao Brasil.

Espera. Com a grande volatilidade do mercado externo devido às incertezas em relação à crise da Grécia e dos países da zona do euro, o Tesouro teve que esperar com paciência a abertura de uma "janela" de oportunidade para fazer a captação. Um dado ruim divulgado no dia da operação, como o rebaixamento da nota de Portugal na última terça-feira, poderia colocar em risco a operação.

A avaliação do Brasil pelos investidores internacionais, que já era favorável, ficou melhor nos últimos dias, depois do recuo da inflação e da divulgação dos últimos dados fiscais.

O governo optou em fazer a sua primeira captação do ano em dólar, como prazo de vencimento em 10 anos, devido às condições atuais do mercado financeiro no exterior. A preferência inicial era fazer a captação em reais, mercado de bônus que o governo tem interesse de desenvolver. Mas as condições do mercado não favoreceram essa alternativa.

O prazo de 10 anos escolhido pelo Tesouro tem sido o mais utilizado pelas empresas brasileiras nas suas captações externas. Investidores de vários países da Europa, Estados Unidos, América Latina e Oriente Médio participaram da operação. Os organizadores da operação identificaram também um aumento dos chamados investidores "crossover", que são aqueles que não costumam participar de operações feitas por países emergentes.

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