Título: Venda de carros sobe 10% no semestre
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2011, Economia, p. B9

Com 1,73 milhão de veículos vendidos, setor bate recorde para o período, mas se prepara para uma desaceleração a partir deste mês

A indústria automobilística encerra o semestre com vendas de 1,737 milhão de veículos, incluindo caminhões e ônibus, volume recorde para o período e 10% maior em relação aos seis primeiros meses de 2010. O mês que terminou foi o melhor junho da história. A tendência para a segunda metade do ano, porém, é de desaceleração do crescimento.

A previsão das montadoras é de chegar em dezembro com alta de 5% nos negócios, totalizando vendas de quase 3,7 milhões de veículos. As medidas de contenção ao crédito adotadas pelo governo a partir de dezembro afetaram alguns segmentos - como o de modelos populares -, a inadimplência cresceu, mas a demanda por carros novos manteve-se forte no primeiro semestre, puxada principalmente pela elevação da renda e manutenção de empregos.

Segundo dados do mercado, só no mês passado foram licenciados 304,4 mil veículos, 15,8% a mais que no mesmo mês do ano passado, mas 4,46% abaixo de maio, até agora o melhor mês do ano, com 318,5 mil veículos comercializados. Boa parte das vendas foi feita a frotistas, que conseguem preços especiais.

Na média diária, junho, com 20 dias úteis, teve vendas de 15.219 veículos, acima de maio, com 22 dias úteis e 14.478 unidades ao dia. Só em automóveis e comerciais leves foram vendidos no mês passado 287 mil unidades, com média diária de 13.667 unidades, igual a maio.

A continuidade do ritmo de crescimento é ameaçada pela inadimplência. O presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Décio Carbonari de Almeida, diz que o calote está "acima do esperado". Em alta desde janeiro, o índice de atrasos acima de 90 dias estava em 3,3% dos contratos em abril. "Como não houve queda da renda e nem aumento do desemprego, pode ser um sinal de esgotamento do crédito", afirma.

Para alguns fabricantes, a desaceleração deve ser mais acentuado no segmento de automóveis, mais dependente do crédito privado, que está mais caro. O segmento de caminhões e ônibus tende a seguir crescendo. Na quinta-feira, a Mercedes-Benz anunciou a criação de um terceiro turno de trabalho na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e a contratação de 950 funcionários. O objetivo é ampliar a capacidade produtiva de 65 mil para 75 mil a 80 mil veículos.

Liderança. No semestre, as vendas de automóveis e comerciais leves somam 1,638 milhão de unidades, 9,5% acima do volume de igual período do ano passado. A Fiat mantém a liderança no segmento, com 22,4% de participação, seguida pela Volkswagen, com 20,6%. A General Motors segue em terceiro lugar, com 18,5% das vendas, e a Ford em quarto, com 9,5%.

A lista dos modelos mais vendidos também segue sem alterações significativas, com o Gol à frente (117,8 mil unidades no ano), seguido por Uno (107,6 mil), Celta (58,6 mil), Fox (54,6 mil) e Corsa sedã (50,4 mil).

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Venda das três grandes dos EUA crescem

Nos Estados Unidos, as vendas de veículos das três montadoras de Detroit - Ford, General Motors e Chrysler - cresceram em junho em relação ao mesmo mês do ano passado. Já as vendas da japonesa Toyota despencaram, refletindo as dificuldades enfrentadas na cadeia de produção por conta do terremoto e tsunami ocorridos em março no Japão.

A Ford Motor disse que suas vendas subiram 13,6%, refletindo aumento nas vendas de utilitários e automóveis, assim como na demanda por caminhões - a Ford foi a única das três grandes montadoras de Detroit que não entrou com pedido de concordata em 2009.

As vendas da GM cresceram 10% e as da Chrysler subiram 30%.

Por outro lado, as vendas da Toyota Motor nos Estados Unidos caíram 21%. /Dow Jones maiores fabricantes, sete registraram queda de vendas em relação a maio. As três que cresceram foram Renault (2,7%), Citroën (1%) e Fiat (0,6%).