Título: Commodities continuarão garantindo superávit
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2011, Economia, p. B8

Há um consenso no governo e entre analistas de que os preços das commodities vão se manter em um nível elevado no curto e médio prazos, o que deve garantir a continuidade dos recordes de exportação, além de superávits comerciais importantes para ajudar a financiar as contas externas do País.

"O grande investimento que podemos fazer nessa situação é agregar valor às commodities. Investir em tecnologia", afirmou o economista Michal Gartenkraut, da consultoria Rosenberg & Associados. "Há uma perspectiva bem fundamentada de que esses preços vão ficar altos, se não subirem ainda mais", disse, lembrando que a demanda mundial por esses produtos continua alta. No entanto, ele alerta que apostar todas as fichas nas exportações de commodities seria um erro estratégico de longo prazo.

Para mostrar o tamanho "gigantesco" do impacto do aumento dos preços das commodities na balança, a consultoria expurgou da conta os reajustes das commodities. A preços de dezembro de 2009, a balança teria registrado déficit de US$ 7,5 bilhões em 2010 e poderia chegar a um saldo negativo de US$ 19,5 bilhões este ano.

Preços internacionais. A consultoria também fez um levantamento dos produtos que se comportam como commodities, com preço fixado com base no mercado mundial, como suco de laranja, açúcar refinado e café solúvel, classificados como manufaturados. Em 2001, eles representavam 56% da pauta, passando para 62% em 2008 e chegando a 72% no ano passado.

O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alessandro Teixeira, disse que o governo trabalha com um cenário de manutenção dos preços das commodities em níveis elevados. "Não vai ter uma queda brutal. É impossível isso acontecer. O preço das commodities subiu estruturalmente."

Alerta. Teixeira afirmou que o governo está atento a uma possível "primarização" da pauta de exportação. Ele argumenta, no entanto, que os produtos mais afetados depois da crise no mercado internacional são os de média e alta tecnologia, como os eletroeletrônicos. Ele antecipou que os setores químico, automobilístico, transportes e de máquinas e equipamentos, que têm déficits comerciais, receberão atenção especial na nova política industrial em construção no governo da presidente Dilma Rousseff.