Título: Cerco a minoritários do Pão de Açúcar
Autor: Madueño, Denise ; Froufe, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2011, Negócios, p. B17

BTG Pactual tentar convencer os pequenos acionistas que a fusão com o Carrefour é boa; banqueiros do Casino alertam para os riscos

O BTG Pactual e os banqueiros que assessoram o Casino no Brasil começaram a se articular para vender seu peixe aos acionistas minoritários do Pão de Açúcar. Na semana passada, a turma do BTG começou a procurar os gestores dos fundos de investimento que têm papéis da rede de varejo. Anteontem e ontem foi a vez dos banqueiros do Casino iniciar o mesmo percurso.

Um dos responsáveis pela oferta de fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar, o BTG começou a procurar os minoritários para apresentar seus pontos de vista e tentar convencê-los de que a operação é boa para todas as partes, inclusive para os minoritários. Ao todo, eles imaginam que irão procurar algo em torno de 50 investidores com interesse no Pão de Açúcar, em encontros pessoais.

"Estamos apresentando os motivos que nos levam a apostar nessa operação, discutindo as restrições que podem aparecer nos órgãos de defesa da concorrência e mostrando as alternativas que iremos propor para mitigá-las", afirma uma fonte envolvida no processo. "Queremos mostrar que, apesar do clima de confronto que infelizmente foi criado entre o Casino e a família Diniz, a operação é boa para todos os envolvidos".

Os assessores do Casino, por sua vez, procuraram os acionistas para falar sobre os riscos que eles enxergam na operação: que a empresa resultante da fusão será uma subsidiária do Carrefour, que os minoritários farão parte de uma holding (Gama) e que a sinergia não seria tão grande como anunciada. O trabalho foi dividido entre os bancos Goldman Sachs, Santander e Rotschild.

Pouco efeito. Na visão do gestor de um desses fundos procurados, essas visitas têm pouco efeito prático, já que a operação precisa, antes, ser votada na reunião de conselho da Wilkes, holding que controla o Pão de Açúcar compartilhada por Abilio Diniz e Casino. Em sua opinião, os banqueiros querem fazer a cabeça dos donos das ações preferenciais (sem direito a voto), pois a CVM pode impedir o voto dos controladores, alegando conflito de interesse.

"Quando lançaram a operação, houve uma indignação geral com a hipótese de rasgar contratos. Pareceu um negócio antiético. Acredito que tudo isso faça parte de um trabalho de relações públicas", diz o executivo de um fundo, que pediu para não ser identificado.