Título: Para sócio francês, projeto era destruidor de valor
Autor: Landim, Raquel ; Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2011, Economia, p. B15

Casino classificou a proposta de fusão como ''contrária aos interesses'' dos acionistas, baseada em visão ''errada''

A proposta de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour no Brasil foi duramente criticada pelo Casino, em comunicado que anunciou a rejeição do projeto pelo conselho de administração do grupo francês. Em reunião extraordinária realizada em Paris, o conselho do Casino definiu o projeto como "contrário aos interesses" dos acionistas, baseado em uma visão estratégica "errada" e em estimativas de sinergias "fortemente superdimensionadas".

A reunião começou às 11h15 na sede do Casino e se estendeu por duas horas e meia. Abilio Diniz participou do encontro na expectativa de "explicar os méritos" de seu projeto. O que se seguiu, porém, foi a apresentação das consultorias encomendadas aos bancos Santander, Goldman Sachs, Messier-Maris & Associés e Rothschild & Cie, de um relatório do banco Merrill Lynch e de um estudo econômico do gabinete Roland Berger. O resultado foi destruidor.

"Ao término dos trabalhos, o conselho de administração constatou por unanimidade, com exceção do senhor Abilio Diniz, que o projeto é contrário aos interesses do Grupo Pão de Açúcar (GPA), do conjunto de acionistas e de Casino", disse o comunicado divulgado após a reunião.

O conselho fechou a porta a negociações sobre as operações no Brasil, reiterando sua estratégia de desenvolvimento no País. "O conselho reafirma ainda seu engajamento estratégico em favor do Brasil, que constitui um eixo de desenvolvimento maior do grupo e do GPA, do qual Casino é o primeiro acionista, com 43% do capital, e cocontrolador via Wilkes (empresa franco-brasileira que controla as operações no Brasil)". Em linhas gerais, o relatório afirmou que a proposta de fusão "é contrária ao interesse do GPA e do conjunto dos acionistas".

Disse ainda que a proposta é fruto de "uma visão errada da estratégia do GPA", baseada em "uma estimativa de sinergias fortemente superdimensionada" - 3,2%, ante 1% do volume de negócios de outras operações similares de fusão no mundo -, além de ser "diluidora para os acionistas" e "destruidora de valor", porque transformaria o GPA em "uma holding fragmentada em participações não controladas".

CRONOLOGIA

22/05 Jornal francês divulga que Carrefour e Diniz negociam fusão

24/05 Casino, sócio de Diniz, afirma desconhecer negociação

26/05 Diniz diz que não há conversas com Carrefour

31/05 Casino pede arbitragem internacional para cumprimento do acordo de acionistas, que dá ao Casino o comando do GPA em 2012

16/06 Casino aumenta participação no capital do Pão de Açúcar

28/06 BNDES e BTG Pactual anunciam proposta de fusão entre GPA e Carrefour Brasil

30/06 Casino compra novo lote de ações do GPA

01/07 BNDES ameaça deixar o negócio se não houver acordo entre os sócios

05/07 Casino entra com novo pedido de arbitragem

12/07 Conselho do Administração do Casino recusa fusão e investidores suspendem a proposta