Título: Ministério diz que ainda é cedo para adotar a medida
Autor: Bassette, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2011, Vida, p. A26

Para o Ministério da Saúde, os resultados dos dois estudos divulgados ontem precisam ser analisados com cautela, antes de se tornarem efetivamente uma medida de saúde pública.

Marcelo Araújo de Freitas, gerente da coordenação de cuidado e qualidade de vida do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do ministério, diz que os dados são muito novos e que ainda não é possível extrapolar os resultados para a população.

Um dos pontos questionáveis, diz Freitas, é que os pesquisadores trabalharam com grupos que usaram o medicamento em ambiente controlado, de pesquisa. "Nesses casos, há um intenso trabalho para adesão ao uso do preservativo e os pacientes fazem exames a cada 30 dias. Como vamos transportar essa metodologia para a vida real?", diz.

Freitas afirma também que o uso de remédios na prevenção do HIV pode causar a chamada desinibição sexual - que é uma falsa sensação de segurança. "As pessoas podem ter a ideia errônea de que o uso do remédio dispensará o uso do preservativo. Por enquanto, é uma medida temerária, que pode ter um impacto negativo", avalia.

Outro possível problema é que a pessoa sem o vírus que usa a medicação como prevenção pode se contaminar nesse período e, por causa disso, desenvolver resistência à droga e não responder bem ao tratamento.

Freitas também aponta os efeitos colaterais do uso do remédio. "Não sabemos quais serão os efeitos a longo prazo. Estamos acompanhando as discussões, mas ainda é muito cedo para mudarmos a política."