Título: Comissão Europeia tem dúvidas sobre a fórmula
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Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2011, Economia, p. B1

Estudo realizado em 2005 afirma que a retirada de marcas do mercado reduz as escolhas do consumidor

Há sérias dúvidas se o consumidor será ou não beneficiado com a solução do Cade de retirar a marca Perdigão do mercado por até cinco anos. Relatório da Comissão Europeia de 2005 sobre formas de garantir concorrência em casos de grandes fusões condenou esse instrumento.

Ao analisar caso semelhante à criação da BRF Brasil Foods, autores do estudo informaram não haver encontrado nenhuma razão para o órgão europeu não haver insistido em outras saídas, como a alienação ou o licenciamento de uma das marcas.

"O estudo chega a uma conclusão negativa sobre esse remédio", diz o documento. "Enquanto ele pode ter, num grau determinado, fortalecido competidores (embora não haja garantias de que a fatia de mercado liberada não foi parcial ou totalmente de volta para as partes da fusão), a retirada também definitivamente reduziu a escolha do consumidor e destruiu valor comercial", conclui.

Nos bastidores, o comentário é que o esforço do Cade para viabilizar a fusão pode ser explicado, em parte, pela influência do BNDES, que tem como linha de ação a criação de grandes empresas nacionais. O conselheiro Marcos Paulo Verissimo foi chefe de gabinete do presidente do banco, Luciano Coutinho. Ele também foi orientador da tese de mestrado na Unicamp de Ricardo Ruiz, que comandou os entendimentos com as empresas.