Título: Índice do BC aponta redução no ritmo de crescimento em maio
Autor: Simão, Edna
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2011, Economia, p. B4

IBC-Br teve expansão de apenas 0,17%, e deve ser levado em conta na próxima reunião que definirá a Selic

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou crescimento bem mais moderado em maio, na comparação com abril, reforçando os sinais de que a economia já operou menos aquecida no segundo trimestre. O indicador do BC teve expansão mensal de apenas 0,17%, considerando a série com ajuste sazonal, que exclui os eventos típicos de cada período.

O IBC-Br busca antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com maior defasagem e apenas trimestralmente. O índice do BC dá à autoridade monetária um termômetro com razoável precisão sobre o ritmo da economia, ajudando a definir a taxa de juros. Na semana que vem, o BC vai rever a taxa Selic, atualmente em 12,25% ao ano.

No trimestre encerrado em maio, a média do IBC-Br teve alta de 1,27% ante a média dos três meses imediatamente anteriores. Em termos anualizados, essa variação representa uma expansão em torno de 5,2%. Na comparação com a média de março a maio de 2010, o crescimento foi de 3,72%. Os números ajudam a evidenciar a incerteza que persiste sobre o ritmo de crescimento do País, alimentando as dúvidas sobre se a desaceleração ocorre em nível suficiente para levar a inflação de volta à meta.

Sinais. Na avaliação interna do BC, o resultado de maio é mais um sinal de que a economia caminha para uma trajetória de crescimento sustentável. A interpretação, segundo uma fonte, é que já surgem mais claramente os primeiros sintomas do impacto das medidas adotadas desde o fim de 2010, cujo efeito máximo será sentido no segundo semestre.

A expectativa do BC é que, com o impacto cumulativo das ações adotadas, a economia não só se desacelere mais no segundo semestre, como também que os índices de inflação registrem taxas mensais compatíveis com a meta, cujo centro (4,5%) o BC prometeu atingir em 2012.

Entre os economistas de fora do governo, a avaliação é que o resultado de fato aponta para uma desaceleração da economia neste semestre, mas persiste a discussão sobre se o ritmo para o qual o País está caminhando será suficiente para colocar a inflação de volta ao nível de 4,5%.

Na visão do professor da USP Fabio Kanczuk, o número do BC ficou baixo e mostra que já no segundo trimestre a economia cresceu menos de 4% (anualizado). O economista considera que, com o processo de alta dos juros tendo seu efeito pleno no segundo semestre, a atividade deve perder mais vigor, rodando na casa de 3% de expansão em termos anualizados. Com a economia operando abaixo de sua capacidade, Kanczuk considera que a inflação terá resultados mais favoráveis ao longo do tempo e fechará 2012 abaixo de 5%.

Para o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos, apesar de evidenciar alguma desaceleração, o resultado do IBC-Br em maio não indica que a economia já está caminhando no ritmo necessário para pôr a inflação no centro da meta. Segundo ele, o resultado fechado do segundo trimestre deverá mostrar crescimento mais perto de 1% (em torno de 4% anualizado), o que ainda seria insuficiente para derrubar a inflação.