Título: China cresce menos, mas acima do esperado
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/07/2011, Economia, p. B6

Avanço da economia do país foi de 9,5% no segundo trimestre e aliviou temores de uma terrissagem brusca

O crescimento econômico chinês desacelerou no segundo trimestre do ano, depois de o governo ter investido no controle da inflação, mas ainda ficou um pouco acima do previsto por analistas. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais divulgados ontem.

O número é apenas dois décimos menor que o crescimento do trimestre anterior (9,7%), diminuindo os temores de um desaquecimento abrupto da economia e permitindo que Pequim continue tomando medidas para combater a alta de preços no país, que chegou a 6,4% em junho, a inflação mais alta em três anos.

As autoridades da China já elevou as taxas de juros três vezes este ano, a última delas na semana passada, para tentar conter a alta nos preços, puxada pelo aumento da demanda interna e por problemas globais na produção de alimentos.

"Medidas eficientes". Sheng Laiyun, porta-voz do escritório chinês de estatísticas, acredita que as medidas do governo a partir de agora serão "direcionadas, flexíveis e eficientes" para garantir que a meta de controle da inflação seja cumprida.

"Não é fácil e a China fez um bom trabalho em manter o rápido crescimento econômico quando a situação global é tão complexa e volátil", disse Sheng.

A perspectiva de uma redução no crescimento econômico da China causou preocupação sobre como outras economias seriam afetadas. Mas, segundo Sheng, os números "ajudam a derrubar grandes temores de um colapso econômica na China como consequência da luta do governo contra a inflação".

Apesar da desaceleração, a taxa de crescimento chinesa continua uma das mais altas da Ásia e o país está firmando sua posição como a segunda maior economia do mundo. Os números aliviam as preocupações dos investidores com relação a uma aterrissagem brusca da economia que poderia afetar a demanda por matéria-prima no resto do mundo.

Além disso, um crescimento mais lento, mas ainda dentro de uma zona de conforto do governo, deixa as autoridades mais tranquilas para manter a atual política de ajuste para controlar a inflação, uma prioridade de Pequim.

Indústria. Um dos destaques do crescimento chinês foi a produção industrial, que cresceu 15,1% em junho em comparação a igual mês do ano passado, taxa mais forte desde maio de 2010, acelerando em relação à leitura de 13,3% de maio e superando a previsão do mercado de 13,1%.

Os dados enfatizam a resistência da economia, graças à rápida urbanização.

"Os dados ajudam a dissipar os temores de um colapso econômico na China", disse George Worthington, economista do IFR, unidade da Thomson Reuters.

A formação bruta de capital fixo - uma medida do investimento - cresceu 25,6% nos seis primeiros meses do ano, enquanto as vendas no varejo subiram 16,8%, mostrando que a demanda doméstica segue bem apesar do aperto monetário. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS