Título: Saldo comercial do agronegócio pode atingir US$ 68 bi
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/07/2011, Economia, p. B10

Mais um vez, o desempenho do agronegócio vai sustentar a balança comercial brasileira neste ano. Projeções da RC Consultores mostram que o saldo comercial obtido com produtos agropecuários deve atingir neste ano US$ 67,9 bilhões, com exportações de US$ 78,5 bilhões e importações de US$ 10,6 bilhões.

O saldo comercial do agronegócio, segundo a consultoria, deve crescer 21,3% em relação ao de 2010. "Sem a contribuição do agronegócio, a balança comercial do País teria um déficit de US$ 40 bilhões em 2011", observa o sócio da consultoria e economista responsável pelas projeções, Fabio Silveira. Nesse setor, ele destaca o desempenho do produtos que integram o complexo soja, carnes, café e açúcar.

Para 2011, Silveira calcula que o saldo balança comercial total do País atinja US$ 28 bilhões, com um acréscimo de US$ 7,7 bilhões em relação a 2010.

O bom desempenho das exportações previsto para agronegócio é sustentado pelos estoques ajustados dos produtos agrícolas no mercado internacional.

"Não há escassez exagerada nem grandes sobras de produtos", observa o economista.

Glauber Silveira, presidente da Associação do Produtores de Soja (Aprosoja), diz que a tendência para os próximos meses é que a demanda supere a oferta de soja. "Os estoques mundiais do grão estão apertados e há dúvidas sobre o desempenho da safra dos Estados Unidos, que foi afetada pelas enchentes na época do plantio."

Além disso, o presidente da Aprosoja ressalta que a China ampliou as compras do grão em 4%. "A China vai importar 60 milhões toneladas de soja na safra 2011/2012. É o equivalente ao volume produzido pelo Brasil numa safra", diz ele.

Na análise de Silveira, da RC Consultores, além dos fatores estruturais de mercado que dão firmeza às cotações das commodities, ele destaca o grande volume de dinheiro em circulação no mundo, especialmente após o socorro dado à Grécia, Portugal e Espanha para a reestruturação de dívidas. Com mais recursos no mercado, o economista acredita que uma parcela do dinheiro migre para aplicações em fundos de commodities, alimentando ainda mais os preços.