Título: Obama apela por apoio da oposição
Autor: Mari, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/07/2011, Economia, p. B13

Em mensagem de fim de semana, presidente reforça ultimato para que o Congresso apresente até hoje à noite plano para evitar calote

Em seu discurso de final de semana ao povo americano, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reafirmou o compromisso de aceitar cortes em despesas públicas sociais, antes impensáveis para o Partido Democrata, e apelou à oposição republicana para concordar com o fim das reduções de impostos para a fatia mais rica da população e as grandes empresas.

"Em poucas palavras, é preciso um enfoque equilibrado, um sacrifício compartilhado e a vontade de tomar decisões impopulares por parte de todos", disse o presidente americano.

Na mensagem, estava implícito o ultimato feito na sexta-feira por Obama para que o Congresso apresente, até a noite de hoje, um plano razoável para elevar o teto da dívida pública do país, de US$ 14,3 trilhões, e reduzir substancialmente esse total nos próximos dez anos.

"Coloquei coisas sobre a mesa que são importantes para mim e para os democratas, e espero que os líderes republicanos façam o mesmo", afirmou Obama. "Eu não concordaria com alguns desses cortes se nós estivéssemos em melhor situação fiscal. Mas não estamos", completou, referindo-se à reforma nos programas de assistência médica para famílias mais pobres, deficientes e idosos e à redução de gastos militares.

O prazo máximo para a conclusão de um acordo vence no dia 2 de agosto. A partir dessa data, o Departamento do Tesouro americano terá de declarar suspensão de pagamentos - tanto das despesas correntes do Estado quanto de juros e parcelas principais da dívida pública. Na sexta-feira, Obama reafirmou o compromisso democrata e republicano em não permitir a declaração do calote. Ontem, ele não repetiu esse bordão. Mas disse não ser possível a nenhum dos dois partidos escapar da culpa pelo aumento da dívida pública.

Nas sucessivas rodadas de negociação entre os líderes democratas e republicanos na Casa Branca, Obama defendeu seu plano de corte de US$ 4 trilhões na dívida pública americana ao longo dos próximos dez anos, por meio da redução de despesas sociais e de defesa e da eliminação dos benefícios tributários prorrogadas em dezembro passado para os mais ricos. Essas benesses custarão aos cofres públicos US$ 1 trilhão. Os líderes republicanos na Câmara dos Deputados propuseram um desafio menor, de redução de US$ 2,4 trilhões na dívida pública na próxima década. Essa proposta deverá ser votada no início da semana, em desafio às negociações ainda em curso entre os líderes dos dois partidos e Obama.

Na semana passada, o senador Mitch McConnell, líder da minoria republicana na Casa, apresentou um plano alternativo: o aumento do teto da dívida em US$ 2,5 trilhões, desde que o ajuste fiscal seja feito por meio de cortes de gastos públicos. Para Obama, essa não é uma proposta "séria". A insistência dos senadores republicanos em torná-la aceita levou o presidente americano a fazer o ultimato, na sexta-feira. Na sua mensagem de sábado, ele ressaltou ser necessário o sacrifício dos dois lados.

"Não acho que as companhias de petróleo devam continuar com as reduções especiais de impostos quando elas geram dezenas de bilhões em lucro. Não acho que os administradores de fundos de hedge devam pagar imposto com taxas menores do que as suas secretárias."