Título: Casa Branca prepara ofensiva na Câmara contra corte de gastos
Autor: Netto, Andrei
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2011, Economia, p. B1

Maioria republicana na Casa quer impor redução de US$ 111 bi nas despesas públicas e contingenciar US$ 2,8 tri

A Casa Branca pôs ontem em ação uma força-tarefa para minar a tramitação do projeto de elevação do teto da dívida pública da Câmara dos Deputados, a ser levada hoje ao plenário.

Com maioria republicana, a Casa pretende impor ao governo um corte de US$ 111 bilhões nas despesas públicas em 2012 e também contingenciar gastos equivalentes a 19,9% do Produto Interno Bruto (PIB) - hoje, cerca de US$ 2,8 trilhões - nos próximos dez anos. O projeto ainda amarraria o governo americano, por meio de emenda à Constituição, ao impedir que o ajuste fiscal seja feito por meio de elevação de tributos, como pretende a Casa Branca.

Ontem, o Escritório de Orçamento e Administração da Casa Branca (OMB, na sigla em inglês) alertou sobre a decisão do presidente dos EUA, Barack Obama, de vetar a iniciativa, se for aprovada também pelo Senado. Essa hipótese é considera remota pelos fatos de a maioria dos senadores serem do Partido Democrata e de a Casa estar em negociação em torno de um projeto próprio, no qual o governo Obama põe mais fé. Mas, se for aprovada, eventualmente terá de ser combinada ao projeto do Senado. Isso significaria manter alguns de seus princípios e o risco de não haver acordo até 2 de agosto, o prazo máximo para o Tesouro americano não declarar calote.

"Nem um corte arbitrário nas despesas públicas nem uma emenda à Constituição são necessários para restaurar a responsabilidade fiscal", informou o OMB. "Qualquer acordo significativo para a redução da dívida pública tem de ser equilibrado, com cortes de gastos e aumento de impostos", insistiu Dan Pfeiffer, diretor de Comunicação da Casa Branca, em entrevista especialmente agendada para combater o projeto da Câmara.

Ao lado de Pfeiffer, Gene Sperling, diretor do Conselho Nacional de Economia da Casa Branca, explicou que a proposta dos deputados afetaria as projeções de crescimento do PIB nos próximos anos e significaria um corte de 70% nas despesas com assistência média a famílias carentes, idosos e deficientes e de um terço dos investimentos em infraestrutura. "O impacto seria devastador para a economia americana", afirmou Sperling.

Lentidão. Ao contrário do esperado pela Casa Branca, nenhum projeto "razoável" do Congresso sobre a elevação do teto da dívida pública, atualmente de US$ 14,3 trilhões, e de sua redução nos próximos dez anos foi apresentado a Obama. O prazo que ele dera na sexta-feira venceu no domingo de noite. A lentidão no processo de negociação tem aumentado o nervosismo no mercado financeiro dos EUA, ao mesmo tempo em que novas análises catastróficas surgem sobre as consequências de não haver acordo.

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