Título: Abertura a estrangeiros não garante mais disputa
Autor: Gonçalves, Glauber
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/07/2011, Negócios, p. B12

Mesmo em países onde não há restrição ao capital estrangeiro, como Chile e Austrália, setor enfrenta forte concentração

A abertura à participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas, por si só, não é garantia de redução da concentração nos setor. É o que mostra o caso da Austrália, onde não há limitação, mas o mercado é altamente concentrado na mão de dois grupos: Qantas/Jetstar e Virgin Australia, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

No Chile, a situação é ainda mais extrema: mesmo sem restrição ao capital estrangeiro, a companhia nacional LAN, que está em processo de fusão com a TAM, detém 77% do mercado doméstico.

No Brasil, o movimento de concentração no mercado aéreo tende a se acentuar, dizem especialistas. Por causa do gargalo de infraestrutura nos principais aeroportos, que impede a ampliação das atividades, a única saída para as empresas que buscam expansão acaba sendo comprar uma concorrente de menor porte que tenha autorização para voar em praças de seu interesse, como fez a Gol, no caso da aquisição da Webjet.

Uma provável candidata a ir às compras como forma de aumentar sua participação de mercado é a Azul, diz o consultor Nelson Riet. Criada em 2008 pelo empresário David Neeleman com um forte aporte de capital, a Azul atingiu participação de 8,07% no mercado doméstico em maio, consolidando-se como a terceira força no setor.

Com a necessidade de mais capital para se expandir, a empresa já iniciou os preparativos para abrir o capital na bolsa, embora ainda não tenha anunciado quando fará isso. No começo de suas atividades, para driblar a falta de espaço nos principais aeroportos brasileiros, a Azul acabou estabelecendo sua base em Viracopos (Campinas), até então pouco utilizado. De lá, hoje a empresa conecta destinos de todo o País.